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Tripulantes da Avianca entram em greve, e voos são cancelados

Tripulantes da Avianca entram em greve, e voos são cancelados

São barradas tanto as decolagens dos voos normais quanto as dos voos em trânsito -quando é feito a escala nesses aeroportos.

Publicado em 17 de maio de 2019 às 17:42

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Tripulantes da Avianca entram em greve, e voos são cancelados. (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

Parte dos voos nacionais da Avianca que passam pelos aeroportos Congonhas, em São Paulo, e Santos Dumont, no Rio de Janeiro, está sendo cancelada após pilotos, copilotos e comissários entrarem em greve às 6h desta sexta-feira (17).

São barradas tanto as decolagens dos voos normais quanto as dos voos em trânsito -quando é feito a escala nesses aeroportos. Nesse segundo caso, os pilotos foram instruídos pelo Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA) a ler um discurso aos passageiros.

Segundo o diretor do sindicato, Marcelo Ceriotti, dos 19 voos desta sexta partindo de Congonhas, 17 foram ou serão cancelados, afetando cerca de 200 passageiros. Quem tinha comprado o bilhete está sendo realocado em outras companhias aéreas, com orientação de funcionários do Procon.

“A empresa não tem honrado nem os compromissos básicos, como diárias de alimentação e a rescisão dos funcionários desligados”, afirma Ceriotti.

No Santos Dumont, um grupo de tripulantes se reúne em frente ao balcão do check-In da companhia e leva cartazes com os dizeres: “Nossa segurança é a sua” e “Segurança de voo acima de tudo”. Gravatas e lenços usados pelos comissários de bordo também formam no chão a pergunta “Basta $?”, com um chapéu para receber caixinhas de quem simpatizar com a causa.

Dois atendentes fazem o check-in dos passageiros que não tiveram suas viagens afetadas. A pedagoga Mirela Matheus, 40, não teve essa sorte. “Estou desde as 6h aqui. Só fiquei sabendo da greve ontem à noite, mas resolvi tentar mesmo assim. Acho que faltou divulgação”, disse ela, aguardando para ser realocada em um novo voo da própria Avianca.

“Até agora não recebemos um contato da empresa, enquanto isso vamos permanecer aqui”, afirmou o diretor executivo do sindicato, Leonardo Souza. Segundo ele, por um período de 1h30 nesta manhã todos os seis aviões da empresa permaneceram em solo. A Avianca representa 0,1% dos voos nacionais, diz Souza.

Ele diz que o cenário de incerteza não é apropriado para a operação de voos e que o número de funcionários da companhia que pediram ajuda psicológica ao sindicato explodiu desde janeiro. “É um risco de, numa situação anormal, que exige toda capacidade cognitiva de um piloto, por exemplo, ele não estar nas perfeitas condições de exercer a função”, disse.

Nesta quinta (16), o TST (Tribunal Superior do Trabalho) acolheu parcialmente um pedido da empresa e determinou que devem ser mantidos ao menos 60% dos empregados durante a paralisação, que não tem data para acabar e deve durar até as reivindicações do grupo serem atendidas.

Eles pedem que a Avianca Brasil, em recuperação judicial desde fevereiro, pague salários, rescisões e benefícios atrasados de seus funcionários, como vale-alimentação, férias, FGTS e diárias de viagens. Também argumentam que os atrasos e o clima de incerteza sobre a continuidade das operações da companhia geram uma situação que pode afetar a segurança dos voos.

De acordo com o sindicato, a Avianca demitiu ao menos 900 pessoas desde segunda (13), quando a empresa começou uma demissão em massa, sendo que um terço delas foi desligado nesta quinta-feira (16). O número de demitidos, porém, pode ser maior, porque não inclui os aeroviários, que atuam no solo.

Além dos demitidos, há 200 profissionais que pediram licença não remunerada e cerca de 1.200 que aderiram a um plano de demissão voluntária da companhia, segundo Ondino Dutra, presidente do sindicato. Ele diz que permaneceram na Avianca cerca de 700 tripulantes.

"A empresa se desmanchou. Separou uma pequena sala de 30 m² para fazer as demissões. Tivemos de alugar um espaço com verba do sindicato para viabilizar [o atendimento aos demitidos]", afirmou Dutra nesta quinta.

OUTRO LADO

Em nota, a companhia afirma que “entende e respeita a manifestação de parte de seus colaboradores e reforça que não está medindo esforços para cumprir as etapas de seu Plano de Recuperação Judicial e garantir suas obrigações com seus funcionários".

"A empresa espera que o Sindicato Nacional dos Aeronautas cumpra a decisão da Justiça de manter, ao menos, 60% da operação da companhia e que os colaboradores que estão se apresentando para trabalhar sejam respeitados e não impedidos de assumir suas funções. A Avianca Brasil esclarece ainda que a segurança operacional de seus voos continua sendo sua principal prioridade e está totalmente mantida. Os passageiros em voo continuam tendo à disposição todos os serviços e atendimentos que, eventualmente, precisem. Por fim, a empresa reforça que está totalmente empenhada em minimizar ao máximo o impacto a seus passageiros.”

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De acordo com as normas da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), os passageiros impactados por cancelamentos têm o direito de optar pelo reembolso integral do valor pago ou pela reacomodação em outros voos da própria companhia ou de outra aérea. Os clientes ainda podem executar o serviço por outra modalidade de transporte.

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