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Efeito Brumadinho faz indústria do ES ter pior desempenho desde 2016

Efeito Brumadinho faz indústria do ES ter pior desempenho desde 2016

Fábricas capixabas acumulam queda de 10,3% na produção em 2019, com quase todos os setores apresentando retração. Findes vê ano com preocupação e fala em luz vermelha ligada

Publicado em 11 de junho de 2019 às 23:17

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Produção de minério da Vale: doações de campanha. (Vale/Divulgação)

Se a crise ainda afeta praticamente todos os setores produtivos do Estado, a indústria vive uma situação ainda pior. Não bastasse a

, o setor industrial no Espírito Santo vive outros dramas próprios que tem feito 2019 ser, até aqui, um dos seus piores anos. E o problema central é o

(MG), em janeiro, que tem feito a produção no Estado desabar.

Em abril, a produção física das indústrias capixabas caiu 5,5%, segundo a pesquisa mensal da produção industrial do IBGE, divulgada nesta terça-feira (11). Neste ano, o setor apresentou resultados negativos em três dos quatro meses já pesquisados, o que fez a produção geral da indústria em 2019 cair 10,3% no Estado até abril.

Efeito Brumadinho faz indústria do ES ter pior desempenho desde 2016

Esse resultado é o pior desde 2016 para os quatro primeiros meses do ano, quando a retração da produção chegou a 22,3% em função da paralisação das atividades da Samarco, em Anchieta, no final de 2015.

Reflexos

O resultado do Estado em abril foi o segundo pior do país, perdendo apenas para o Pará, que também sofre impactos da crise da mineração. As indústrias capixabas já haviam registrado queda na produção de 3,2% em janeiro e de 9,8% em fevereiro, também com a influência do desastre em Minas. Em março, o resultado foi positivo, de 2,9%.

No ano, a indústria extrativa, que tem a mineração como principal componente juntamente com o setor de petróleo, acumula uma queda na produção de 14,7% no Estado. Reflexo sobretudo da queda nas atividades de pelotização da Vale em Tubarão.

Segundo o diretor-executivo do Instituto de Desenvolvimento Educacional e Industrial do Espírito Santo (Ideies) e economista-chefe da Findes, Marcelo Saintive, o setor vê 2019 com atenção já que "há uma luz vermelha de alerta ligada".

"Tivemos a redução na produção de pelotas no Espírito Santo como consequência direta do rompimento da barragem, o que Minas Gerais e Pará também estão sentido. Além disso, o aumento dos níveis de segurança também tem feito a oferta de minério ser reduzida e, com isso, também cai a pelotização", afirma.

BAIXA DEMANDA POR CELULOSE AFETA O ES

Diminuição da fabricação de celulose foi um dos fatores que ajudaram na queda nos índices de atividade industrial. (Fibria | Divulgação)

Para além da mineração, a crise global da celulose tem sido outro drama vivido pelo setor industrial capixaba. Com a queda nas cotações internacionais e a redução do apetite global pela commodity, o setor vem reduzindo a produção no Estado.

Em 2019, até abril, a fabricação de celulose e papel acumula queda de 32,3%, pior desempenho da história. "A demanda global por celulose está menor e isso tem impactado a produção", explica Saintive. Outro problema seria a escassez de matéria-prima (eucalipto) para a Suzano, ex-Fibria, produzir.

Também têm enfrentado um 2019 ruim as indústrias de transformação (com queda de -5,8% na produção), de alimentos (-1,6%) e a de metalurgia (-1,9%).

Setor de rochas em alta

Setor de rochas tem sido destaque na economia capixaba. (Marcelo prest/arquivo)

O único segmento da indústria capixaba que vem performando bem neste ano é o de fabricação de produtos minerais não-metálicos, que é basicamente o setor de rochas, que possui destaque na economia do Espírito Santo. 

Após fechar 2018 com uma queda de 13% na produção, o setor acumula um crescimento entre janeiro e abril de 11,6% nas atividades, de acordo com dados do IBGE.

Para Saintive, os resultados apontam para um momento de atenção. "O Espírito Santo está em um momento oportuno de pensar, diante da situação fiscal privilegiada que tem diante do resto do país, como vai ser seu novo ciclo de desenvolvimento econômica, como diversificar sua indústria e desconcentrar a pauta de exportações. É preciso repensar a matriz econômica capixaba", ressalta.

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