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Empresas capixabas compartilham espaços para economizar

Empresas capixabas compartilham espaços para economizar

Escritórios que unem vários profissionais têm impulsionado negócios

Publicado em 2 de junho de 2019 às 00:07

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Cláudio Chamon (de pé) é proprietário de um espaço de coworking e hospeda 67 empresas. (Marcelo Prest)

Ter um endereço físico para abrir uma empresa com baixo custo e sem burocracia. Essa é a principal razão que tem levado diferentes profissionais a alugar uma cadeira em um espaço de coworking, modelo de escritório compartilhado que nos últimos três anos está triplicando de tamanho no Espírito Santo e no Brasil.

Impulsionados pela crise, empreendedores encontraram nos ambientes compartilhados o empurrão que faltava para transformar ideias em negócios rentáveis. Assim, a comodidade combinada com os preços atrativos fizeram a novidade se tornar rapidamente uma febre corporativa que vem revolucionando o empreendedorismo no Brasil.

A dinâmica é simples: autônomos, freelancers, startups e até negócios de pequeno e médio portes alugam um espaço em uma sala que une vários tipos de profissionais. E só. Sem contas, preocupação com licenças nem custo com funcionários.

Só no Espírito Santo, são 21 coworkings existentes, a maioria criada por capixabas, mas também já há grupos de fora explorando o serviço aqui. Segundo estudo do portal Coworking Brasil, esses espaços já chegaram a todos os Estados do país, somando 1.194 unidades em 2018. Juntas, elas atendem a cerca de 214 mil pessoas.

Um desses espaços é do arquiteto Claudio Chamon. Quando se formou, ele chegou a pensar em abrir um escritório próprio, mas ao pensar nos custos para montar e manter a sala e no fato de que ele ainda tinha poucos clientes por estar no começo da carreira, optou por abrir um coworking na Praia da Costa há três anos.

“Hoje, já temos 67 empresas hospedadas, contando autônomos que trabalham aqui presencialmente ou não, porque também há o serviço de apoio administrativo e escritório virtual. Temos visto um aumento na procura em função do baixo custo, já que a economia com o compartilhamento pode chegar a 80% nas despesas de um empreendedor”, comenta o sócio-proprietário da Four Work, que reúne no mesmo espaço profissionais de áreas como tecnologia, advocacia, consultoria e engenharia.

APOIO

As vantagens vão além da economia. Uma das mais apontadas por quem atua na área é o networking, ou seja, a possibilidade dos chamados coworkers de estabelecer uma rede contatos com os colegas de escritório de outros segmentos. “Estando no mesmo ambiente eles trocam conhecimentos, negociam serviços entre si, indicam clientes e fornecedores. É uma relação de apoio”, conta Chamon, que já está à procura de imóveis para expandir a atuação.

Um terceiro ponto positivo é o ganho na produtividade. Para Fernando Pimenta, fundador da Nest Coworking, essa é a primeira mudança visível. “Há um aumento da produtividade porque ficando em casa há uma tendência de se procrastinar. Já em um espaço que estimula a criatividade e há esse apoio, dá mais ânimo na atividade”.

 

Fernando Pimenta (ao centro) com outros profissionais no coworking pioneiro do ES. (Nest/Divulgação)

PIONEIRO

Fernando foi o pioneiro a abrir um espaço de coworking no Estado. Há quatro anos, ele começou na Praia do Canto e, desde então, viu o negócio ganhar adesão e já está em sua segunda expansão.

“A gente hoje tem aqui uma circulação diária de 35 a 40 pessoas trabalhando. No começo, foi difícil porque o capixaba é um povo mais fechado, mas vejo que essa cultura está começando a se ampliar, de uma comunidade que se ajuda”, afirma.

Consultórios alugados por tempo de uso

O boom do mercado de coworking no Brasil nos últimos cinco anos, estimulado pela crise econômica e que vem abrindo caminho para quem quer empreender, tem despertado também o interesse de outro perfil de empresas. Vendo os espaços compartilhados entre diferentes profissionais dando certo, começaram a nascer os coworkings de nicho, que atuam em um segmento de mercado específico.

Para além da realidade dos ambientes multidisciplinares, recém-criadas salas com atuação voltada por exemplo para startups, advogados, consultores e profissionais de economia criativa têm despontado como a novidade dentro do setor. E essa segmentação já tem chegado ao Espírito Santo.

Em Vila Velha, pai e filho resolveram apostar em um nicho de coworking inédito no Estado, na área da saúde. Amós e Vinícius Souza abriram há um mês a MediMaxi, uma espécie de clínica compartilhada onde médicos podem alugar consultórios já equipados para fazer atendimentos e só pagam as horas de uso.

 

O geriatra Alexandre atende na clínica compartilhada criada por Amós Souza. (Marcelo Prest)

Segundo Amós, a ideia é ir ao encontro da necessidade tanto de médicos recém-formados, que ainda têm poucos clientes para que se justifique um consultório privativo, como também de profissionais já experientes de outras regiões que, com essa possibilidade, não precisariam manter uma base em um local com um número de pacientes pequeno.

“Como abrir um consultório médico é algo dispendioso e requer muitas licenças e demandas específicas de acordo com a especialidade, pensamos na ideia do coworking como a possibilidade de ganho econômico e de facilidade. O médico só chega com o estetoscópio e atende, de qualquer especialidade, sem nenhuma preocupação porque o espaço já tem tudo”, explica.

Primeiro médico a atender no espaço, o geriatra Alexandre Constantino de Santana já atua há oito anos na área, mas optou pelo coworking pela praticidade. “Eu já atuava em plano de saúde e em outro consultório. Agora, estou conseguindo ampliar a minha atuação sem investimento para isso, como montar local e contratar. É uma mão na roda”, diz.

Construtora terá prédio compartilhado no Estado

Se grandes empresas nacionais do segmento de coworking estão vindo atuar no Espírito Santo, empresas capixabas de outros setores também estão abrindo os olhos para esse mercado. Por aqui, uma construtora deve inaugurar ainda neste ano um prédio com escritórios compartilhados.

Do mercado imobiliário, a Lorenge vai expandir suas atividades para o coworking através de um braço batizado de “Na Capital”, spin-off que será voltada para micro e pequenas empresas e ocupará dois andares de um edifício do grupo na Praia do Canto.

O engenheiro Erik Lorenzon, gerente de novos negócios da construtora e que está à frente do projeto, explica que o foco serão salas privativas. Cada empresa poderá ter o seu próprio espaço para dois até dez ocupantes dentro de um ambiente profissional compartilhado.

 

“As obras vão começar em junho e estimamos que o negócio seja aberto entre setembro e outubro, já que o prédio existe e só precisaremos fazer adaptações. Após isso, o espaço terá capacidade para 110 profissionais, 70 em salas privativas e o restante em áreas compartilhadas, que também teremos. E devemos iniciar com 20 delas já ocupadas”, adianta.

Erik Lorenzon coordena projeto de prédio para sediar pequenas empresas. (Vitor Jubini)

Erik comenta que trata-se de um projeto piloto que após ser colocado de pé será analisado para ser replicado em outros locais.

Uma das propostas diante do nicho em pequenos negócios é proporcionar atividades e servidores voltados para esses empreendedores. “Vamos desenhar um conceito, trazendo cursos, capacitações e dando uma atenção especial para proporcionar o crescimento dessas empresas”, afirma o engenheiro, que complementa: “Assim que o capixaba descobrir como funcionam os coworkings, muitas ideias, projetos e até empresas vão se tornar viáveis”.

Ambiente gratuito em shoppings

Mesmo custando pouco, se usar um espaço de coworking no momento está fora do seu orçamento, uma opção interessante pode ser optar pelos ambientes compartilhados oferecidos por shoppings centers. Na Grande Vitória, quatro oferecem esses espaços de forma gratuita, sem nem precisar reservar hora.

Primeiro a montar um coworking gratuito no Espírito Santo, o Shopping Vila Velha tem um espaço com capacidade para 20 pessoas trabalharem e conta com energia elétrica, wi-fi, bancadas e cadeiras. No local, há ainda salas reservadas e climatizadas, que podem ser utilizadas para reunião, sendo necessário neste caso apenas agendamento junto ao SAC.

No Shopping Praia da Costa, além do ambiente compartilhado com capacidade para até 25 pessoas, há uma pequena biblioteca que funciona no sistema de “leva e traz”.

Espaço de coworking gratuito no Shopping Praia da Costa. (Resultate/Divulgação)

Em Cariacica, o Shopping Moxuara oferta o serviço de coworking em parceria com a Faesa, podendo receber até 30 pessoas. O espaço tem internet exclusiva, saídas de energia para carregar notebooks e smartphones, e áreas para trabalhos individuais, pequenos grupos, encontros e reuniões. O local ainda recebe workshops e palestras.

Já o Shopping Montserrat, na Serra, conta com uma estrutura voltada para atividades de trabalho e estudo, busca auxiliar no processo criativo e produtivo de profissionais liberais. Não é permitido entrar com bebidas e comidas no local.

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