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Empreendedores de pequenos negócios ganham direito a crédito maior

Empreendedores de pequenos negócios ganham direito a crédito maior

Mudança aumenta limite de empréstimos a microempreendedores

Publicado em 13 de julho de 2019 às 23:23

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A cabeleireira Jocielly investiria os recursos em equipamentos para seu salão. (Carlos Alberto Silva)

Os empreendedores donos de pequenos negócios vão ter direito a mais crédito nas instituições bancárias. Isso porque o Conselho Monetário Nacional (CNM) alterou as regras para tais empréstimos – as mudanças entraram em vigor no dia 27 de junho.

Uma das principais mudanças é o aumento da renda mínima anual para quem quer pegar os empréstimos. Atualmente, só se enquadram como público-alvo para crédito de microcréditos de pequenos negócios quem tem renda anual de até R$ 120 mil. Com a mudança, quem tem renda de até R$ 200 mil por ano também terá direito.

Outro ponto que passou por mudanças é o limite de crédito que o empresário poderá ter acesso. Hoje, cada empreendedor pode pegar até R$ 40 mil em empréstimos, ao todo, sendo que cada um tem limite de R$ 15 mil. Podem ser dois empréstimos de R$ 15 mil e um de R$ 10 mil, por exemplo. A partir de agora, o limite total sobe para R$ 80 mil, sendo que cada crédito tem limite de R$ 21 mil.

O que mais faz as pessoas procurarem o microcrédito para pequenos negócios são os juros – menores do que é observado em outras linhas de crédito. Atualmente, os juros e taxas cobrados variam de 2% a 3% ao mês. Para ter acesso ao empréstimo, o cliente deverá comparecer em qualquer instituição financeira que oferte o serviço.

De acordo com o Banco Central, este ano, de janeiro a abril, já foram concedidos R$ 3,68 bilhões em forma de microcrédito para os pequenos negócios. O dinheiro deve ser utilizado para incentivar a geração de trabalho e renda entre os microempreendedores. As alterações promovidas nas ofertas de microcrédito não apresentaram mudanças na destinação dos recursos, nem nas taxas aplicadas.

MELHORIAS

Uma das pequenas empreendedoras que pretende se beneficiar com as mudanças no microcrédito para pequenos negócios é a cabeleireira Jocielly Bandeira, dona da Casa de Beleza da Jô, em Vila Velha.

Ela conta que já chegou a pegar empréstimos para ajustar a vida financeira e que, hoje, usaria o dinheiro para fazer uma reforma no ambiente de trabalho.

“Eu fiz de um apartamento o meu local de trabalho para que as pessoas se sintam confortáveis. Não tem toda aquela movimentação de salão que deixa alguns clientes incomodados”, conta. “Se eu pegasse esse dinheiro, iria investir numa reforma para deixar o meu ambiente ainda melhor”, completa.

A empreendedora conta que começou a trabalhar em 2014 com uma cadeira para corte de cabelo e um lavatório de segunda mão. “Hoje, tenho orgulho de ver onde estou, com equipamentos melhores e um espaço aconchegante”, diz Jô.

CONSUMIDORES

Se, por um lado, o Conselho Monetário Nacional aumentou o microcrédito para pequenos negócios, por outro, ele cancelou o microcrédito para consumo – dinheiro que poderia ser emprestado para movimentar a economia.

A única exceção ao cancelamento ficou para as pessoas com deficiência. Pelas novas regras, a utilização do microcrédito para consumo será permitida para a compra de equipamentos de tecnologia assistida para pessoas com deficiência. O dinheiro poderá ser utilizado para a compra de cadeiras de rodas, aparelhos auditivos e equipamentos para deficientes visuais.

Segundo o Banco Central, o volume de microcrédito destinado ao consumo é bem menor em comparação com o que é remetido para os pequenos negócios. Neste ano, entre janeiro e abril, o total disponibilizado para o microcrédito para o consumo foi de R$ 45 milhões.

GANHOS PARA O EMPREENDEDOR

As mudanças promovidas pelo Conselho Monetário Nacional (CNM) a respeito da oferta dos microcréditos tendem a beneficiar os microempreendedores, segundo avalia a gerente de Negócios Financeiros do Sebrae, Aline Zanoni.

“É um grande ganho para o empreendedor ter esse acesso aumentado, porque o microcrédito é voltado para aqueles que não têm acesso aos benefícios financeiros que as médias e grande empresas possuem”, comentou Zanoni.

“Antes, o crédito era muito reduzido. Com a possibilidade de aumento, ele consegue investir mais em tecnologia, em equipamentos, contratar mais pessoas... E faz todo sentido investir nisso, porque 90% das empresas do país são micro e pequenas”, completa a gerente de Negócios Financeiros do Sebrae.

Aline, no entanto, alertou que é importante que os empreendedores tenham atenção ao pegar tais empréstimos, afinal, tal benefício pode se tornar uma armadilha.

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“Antes de fechar um financiamento, nós orientamos que o interessado se capacite, se possível que contrate uma assessoria especial e veja o que é o melhor a ser feito com o crédito e se ele é realmente necessário. Os financiamentos devem ser, essencialmente, uma forma para alavancar a empresa”, completou Aline.

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