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Espírito Santo gasta mais com PMs inativos do que com os da ativa

Espírito Santo gasta mais com PMs inativos do que com os da ativa

Espírito Santo é o 8º com maior despesa com previdência de militares

Publicado em 9 de julho de 2019 às 02:09

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De fora da reforma da Previdência após um acordo entre parlamentares, militares têm um peso grande nos regimes de servidores dos Estados. No caso do Espírito Santo, 54% das despesas com policiais militares e bombeiros são apenas para pagar os benefícios de quem está na reserva, reforma ou recebe pensões. A correção dessa distorção, uma vez excluída da PEC, deve ficar nas mãos de cada Estado.

Levantamento feito pelo economista Pedro Nery para “O Globo” mostra que, entre os Estados com maior proporção de despesas com inativos ante a de ativos, o Espírito Santo fica na oitava posição. Os gastos com os inativos dessas duas categorias superam as despesas com os ativos em 14 das 26 unidades da federação.

O Gazeta Online identificou, com informações do Instituto de Previdência dos Servidores do Espírito Santo (IPAJM) à Secretaria de Previdência do Ministério da Economia, que em 2018 o Estado destinou R$ 646,4 milhões para pagar benefícios para militares inativos e para pensões. Com os ativos, a despesa foi de cerca de R$ 550 milhões.

A situação é mais grave porque desses R$ 646 milhões, 79% (R$ 511,5 milhões) são bancados diretamente pelo Estado através de aportes, já que só a contribuição patronal e dos militares não é suficiente para custear os benefícios. Ou seja, quase um quarto do que o governo precisa destinar para cobrir o rombo do IPAJM.

Para o doutor em Administração Pública e Governo e professor da Ufes, Alexandre Reis Rosa, esse cenário se dá por dois motivos centrais. “O primeiro é que os policiais acabam se aposentando muito cedo e muitos vivem mais tempo como inativo do que como ativo, então essa folha acaba sendo maior. O segundo são as regras de pensão, já que muitos militares morrem cedo pelo risco da profissão e, com isso, as pensões são pagas por muitos anos a esposas e filhos”, explica.

QUANTITATIVO

Chama atenção o fato do gasto com militares inativos ser maior mesmo havendo mais policiais e bombeiros em atividade. Hoje, o Estado conta com 9.965 militares na ativa ante a 7.577 inativos e pensionistas.

Segundo Pedro Nery, em entrevista para “O Globo”, o cenário preocupa e pode ser justificado pelos benefícios de paridade (reajustes iguais aos de quem está na ativa) e integralidade (direito de aposentar com o último salário da carreira) que os policiais possuem.

“O país é violento e tem uma população jovem, mas metade dos Estados já gasta mais da folha de segurança com os inativos do que com os policiais em atividade. Esse cenário dificulta a própria melhoria da remuneração, porque os gastos com inativos e pensionistas são atrelados, por conta da paridade, e os valores são maiores, por conta da integralidade. Para cada R$ 100 de reajuste para um policial, o governador gasta uma quantia maior com aumento para inativo”, afirma o economista, que avalia a exclusão de militares dos Estados da reforma como preocupante.

A PEC previa que, enquanto lei específica não fosse editada, essas categorias ficassem enquadradas nas novas regras para as Forças Armadas, como a exigência de 35 anos de contribuição para se aposentar – que já existe no Espírito Santo hoje. Agora, fora do texto, cada Estado terá que fazer sua modificação.

 

Se a reforma como estava prevista passasse, a União estima que o governo do Espírito Santo iria economizar em dez anos cerca de R$ 840 milhões apenas com mudanças para militares.

Conforme A GAZETA já mostrou, em três anos o Estado arrecadaria R$ 100 milhões a mais com contribuições dessas categorias uma vez que inativos e pensionistas passariam a contribuir, a partir de 2020, sobre o valor integral do rendimento.

CIVIS

A insustentabilidade do sistema também se repete com os servidores civis. No regime próprio do Espírito Santo, já existem mais servidores inativos e pensionistas do que ativos, o que pressiona o aumento do déficit. Somando civis e militares, o rombo da Previdência estadual deve ser de R$ 2,45 bilhões neste ano.

Na avaliação do presidente do IPAJM, José Elias Marçal, “o dever de casa foi feito” pelo Estado, citando a segregação de fundos feita em 2004 e que o ES é um dos poucos que instituiu o tempo mínimo de contribuição para militares em 35 anos (na maioria dos locais é 30).

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Ele lembra que o militar capixaba que passa para a inatividade hoje contribui com 11% sob o que ganha acima do teto do INSS (R$ 5,8 mil). “O alinhamento dessas regras tem que ser geral, por isso nossa insistência para Estados serem mantidos na PEC”, diz.

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