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Pesquisa: apoio à Previdência cresce e contrários deixam de ser maioria

Pesquisa: apoio à Previdência cresce e contrários deixam de ser maioria

A parcela dos que apoiam a proposta subiu de 41% para 47% e é agora numericamente superior à dos contrários, mas dentro da margem de erro (de dois pontos percentuais para mais ou para menos), o que configura empate técnico

Publicado em 9 de julho de 2019 às 18:10

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A queda na rejeição e o crescimento do apoio à reforma aparecem em todas as faixas de idade, escolaridade e renda familiar e ocorreram também independentemente das escolhas eleitorais em 2018. (Vitor Jubini)

Às vésperas da votação pelos deputados federais, a reforma da Previdência deixou de ser rejeitada pela maioria dos brasileiros, segundo mostra a pesquisa Datafolha. A fatia dos que se opõem às mudanças nas aposentadorias e pensões caiu de 51% para 44% entre abril e julho.

A parcela dos que apoiam a proposta subiu de 41% para 47% e é agora numericamente superior à dos contrários, mas dentro da margem de erro (de dois pontos percentuais para mais ou para menos), o que configura empate técnico.

A queda na rejeição e o crescimento do apoio à reforma aparecem em todas as faixas de idade, escolaridade e renda familiar e ocorreram também independentemente das escolhas eleitorais em 2018 (veja quadro acima).

A mudança de opinião foi mais forte entre os eleitores de Jair Bolsonaro (PSL) e entre os que declaram não ter votado nem no atual presidente nem em Fernando Haddad (PT). Bolsonaristas favoráveis à reforma eram 55% em abril e agora são 67%; contrários caíram de 36% para 27%. Entre os haddadistas, a rejeição passou de 72% para 67%, e o apoio subiu de 22% para 25%.

No grupo dos que não votaram em nenhum dos dois, a oposição é majoritária (61%), mas 11 pontos abaixo de abril; o apoio foi de 19% para 26%.

O Datafolha ouviu, nos dias 4 e 5 de julho, 2.086 brasileiros com 16 anos ou mais em todo o país.

Entre essa pesquisa e a de abril, deputados federais alteraram a proposta original do governo Bolsonaro, atenuando as regras para parcelas da população. O novo texto reduz o tempo de espera pela aposentadoria de servidores e trabalhadores do setor privado que estão mais perto de obter o benefício, por exemplo.

Também retira da reforma o funcionalismo estadual e municipal e antecipa em até cinco anos (em relação à versão original do governo ) o recebimento de aposentadorias mais altas pelos servidores mais antigos.

Na direção oposta, a nova proposta reduz valores de benefício de quem está a pelo menos dois anos da aposentadoria no setor privado.

Medidas que atenuam os requisitos para mulheres, como a redução da idade para professoras e da contribuição mínima para trabalhadoras do setor privado, não foram suficientes para conquistar a maioria delas.

O Datafolha mostra homens e mulheres em polos opostos em relação à reforma: entre homens, 57% são a favor da proposta e 38% contra. Entre mulheres, 50% são contra e 39% a favor.

Como as regras atuais para as mulheres são mais generosas que as dos homens, a reforma significa um aperto proporcionalmente maior para elas, mesmo com as concessões feitas pelo novo texto.

A pesquisa mostra que a oposição mais forte à reforma aparece entre estudantes (57% contra e 35% a favor), assalariados sem registro (52% a 41%), funcionários públicos (52% a 42%) e desempregados (51% a 41%).

Ainda que os servidores continuem majoritariamente contrários à proposta, a rejeição caiu 11 pontos em três meses, e a concordância com a reforma cresceu 8 pontos.

O levantamento mostra também uma divisão geográfica: os que apoiam a reforma são maioria no Sul, Sudeste, Norte e Centro-Oeste, mas minoria no Nordeste.

Nesta região, de onde vêm também políticos que têm se manifestado contra as mudanças propostas pelo governo, 55% se opõem à PEC e 36% dizem apoiá-la.

O Nordeste é também a única região em que não cresceu o apoio à reforma nem caiu a rejeição nos últimos três meses.

A pesquisa indica ainda que nem todos foram atingidos pela campanha publicitária da reforma da Previdência, apresentada pelo presidente no final de maio, a um custo de R$ 37 milhões.

Um mês e meio depois, 50% dos brasileiros com ensino fundamental e 45% dos que vivem em famílias com renda mensal de até dois salários mínimos dizem não ter tomado conhecimento da proposta.

Já entre os mais ricos e mais escolarizados, as taxas de conhecimento chegam a 95% e 93%, respectivamente.

Quanto mais bem informado se considera o brasileiro, mais se declara a favor da reforma –e maior também o movimento de apoio nesses últimos três meses.

Entre os que se dizem bem informados, 56% apoiam uma mudança nas regras, contra 42% contrários. Há empate entre os mais ou menos informados, e a situação se inverte para os mal informados: 54% são contra e 34% a favor.

Outros itens da pesquisa indicam mudança de mentalidade sobre as aposentadorias: nos últimos três anos, caiu de 59% para 45% a parcela dos que acham que os brasileiros se aposentam mais tarde do que deveriam.

Os que avaliam a idade como adequada passaram de 27%, em julho de 2016, para 41% agora, e os que dizem que os brasileiros se aposentam cedo demais ficaram estáveis em 11%.

O recorte por renda e escolaridade ilumina disparidades nesses movimentos de opinião: entre os de maior renda familiar –dos quais a maioria hoje consegue se aposentar no setor privado sem idade mínima–, 31% respondem que o brasileiro se aposenta mais cedo do que deveria.

A diferença aparece também por ocupação: são os empresários os que têm maior fatia (21%) dos que acham que a aposentadoria é muito precoce.

Já entre os que ganham até 2 salários mínimos –maioria entre os que só conseguem se aposentar por idade–, 50% dizem que a previdência chega mais tarde do que deveria. Esse fenômeno aparece também nas ocupações mais vulneráveis: 56% dos assalariados sem registro e 55% dos desempregados opinam que a aposentadoria vem tarde demais.

Na avaliação da Previdência Social brasileira, os brasileiros se mostram divididos: 33% a aprovam, 31% a reprovam e 35% a consideram regular.

A opinião é mais positiva entre os mais pobres –para os quais os benefícios têm peso maior– e os menos escolarizados: 35% dos que ganham até 2 salários mínimos e 40% dos que têm ensino fundamental consideram a Previdência ótima ou boa.

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