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Siri capixaba no ES é mais caro do que lagosta nos EUA

Siri capixaba no ES é mais caro do que lagosta nos EUA

Quilo do crustáceo catado no ES e vendido desfiado na Ilha das Caieiras custa até R$ 70

Publicado em 12 de julho de 2019 às 22:58

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Em cada esquina da Ilha das Caieiras, em Vitória, há uma desfiadeira de siri, profissional que retira a carne desse pequeno crustáceo da carapaça. Esse primo do caranguejo vive no litoral da capital capixaba e é a fonte de sustento de mais de 100 famílias que moram na Grande São Pedro.

Dependendo da época do ano e da desfiadeira, o quilo do siri desfiado vendido na Ilha das Caieiras varia entre R$ 45 e R$ 70. Isso porque para cada quilo é preciso de 60 machos ou de 150 a 200 fêmeas.

O desfio do siri é realizado manualmente, desde a limpeza dos animais até a retirada da carne das puãs, patas. Apesar da agilidade das desfiadeiras, por dia, elas conseguem desfiar apenas de quatro a seis quilos. Não há dados sobre a quantidade produzida e da pesca no Espírito Santo.

Simone Leal, vice-presidente da Associação de Pescadores Marisqueiras e Desfiadores de Siri da Grande São Pedro. (Kaique Dias)

Curiosamente, o quilo do siri no Estado é mais caro do que o de lagosta vermelha nos Estados Unidos, que variou entre R$ 30 e R$ 40, valores registrados em 2018. Esse animal passou de iguaria cara para um alimento popular na América do Norte, vendido até em fast food.

Em 2015, a produção de lagosta no Maine, Estado na divisa entre Estados Unidos e o Canadá, teve uma explosão, chegando a ser capturadas mais de 56 toneladas. Isso fez com que o preço desse crustáceo caísse bastante nos EUA.

Lá, enquanto as lagostas são pescadas em redes, no Estado, os siris são capturados em jererés, uma espécie de coador. Essas pequenas armadilhas são postas na água com um pedaço de pescado que serve de isca.

“O siri é pescado durante o ano todo, porém, quando está no período de frio, no inverno, ele fica mais fácil de catar”, conta Paulo César Neves Freires, 49 anos, pescador e marisqueiro da Ilha das Caieiras.

EM TERRA

O siri capixaba está expandindo seus horizontes mundo afora. A desfiadeira Simone Leal aprendeu desde criança o ofício. Segundo ela, quem vai à Ilha das Caieiras se encanta com o local e, é claro, com o siri.

“Cheguei a vender até para a Inglaterra. Neste ano, apareceu muito turista que vinha buscando siri para levar para casa”, comenta Simone, que também é vice-presidente da Associação de Pescadores Marisqueiro e Desafiadores de Siri da Grande São Pedro.

Siri desfiado. (Siumara Gonçalves)

Já a chefe capixaba Angelita Gonzaga sempre que vem ao Espírito Santo leva para o seu restaurante, em São Paulo, o siri capixaba. “O pessoal fica encantado com o siri catado no Espírito Santo. É fresco e com um sabor especial, diferente do de qualquer outro local”, conta.

Segundo ela, as pessoas estão conhecendo o sabor do siri e da cultura por trás dele. “Por ser capixaba, meus clientes sempre perguntavam porque não faziam nada no meu restaurante com as minha raízes. Comecei a fazer a torta capixaba. Agora, faço moquequinha de siri e até salada. Mas não tenho um calendário fixo”, explica.

Vista do pier na Ilha das Caieiras, em Vitória. (Siumara Gonçalves)

SAIBA MAIS

Pesca

Jereré ou puçá  o siri é pescado em uma espécie de coador – Jereré ou puçá, como é chamado. Ele é posto na água com um pedaço de pescado que serve de isca.

Desfio

Processo  antes do siri ser desfiado ele precisa ser lavado e cozido. Na Ilha das Caieiras o cozimento é realizado em forno comunitário.

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60 a 200 siris para um quilo  opara conseguir um quilo de siri desfiado é preciso ceca de 60 machos ou de 150 a 200 fêmeas.

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