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Agro capixaba pode sofrer com os impactos da crise na Amazônia

Agro capixaba pode sofrer com os impactos da crise na Amazônia

Espírito Santo vende R$ 1,15 bilhão em produtos vegetais e animais à Europa

Publicado em 27 de agosto de 2019 às 07:27

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Zona rural do Amazonas em chamas: queimadas colocam em risco o acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul. (EDMAR BARROS/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO)

O avanço das queimadas na Floresta Amazônica colocaram a credibilidade do agronegócio brasileiro em xeque e os impactos podem chegar ao Espírito santo, mesmo que o Estado esteja a cerca de 4 mil quilômetros de um dos maiores organismos vivo do planeta.

O risco de embargo pela União Europeia às exportações agrícolas e agropecuárias se tornou real. Isso porque a imagem brasileira está manchada no exterior.

Por ano, R$ 1,15 bilhão em produtos como carne de boi e de frango, café, além de outros alimentos vegetais e animais, são vendidos por produtores do Estado a clientes da Europa.

O mestre em Planejamento e Desenvolvimento e coordenador do curso de Gestão do Agronegócio da UVV, Wallace Millis, diz que assuntos ambientais e produtivo estão muito ligados. “Se a União Europeia não comprar mais do Brasil, as perdas são generalizadas”, destaca.

Segundo ele, o grande problema é que o governo tem mostrado falta de coordenação. “O comportamento revela um conjunto de improvisos e no mercado internacional não existe movimento pendular. Se você tomar um posicionamento que desfaz os mercados, não tem como voltar atrás com facilidade”, diz, ao destacar o perigo da União Europeia romper o acordo de livre comércio com o Mercosul que demorou 20 anos para ser fechado.

“Para você conquistar o mercado são décadas de negociações, relacionamentos. Para levar o agro para o mercado internacional, envolve um grande esforço, mas para perder pode ser num estalar de dedos. Havíamos flertado com isso por conta da posição Pró-Israel. Só que os árabes são mais pragmáticos, focados no lucro. Já os europeus não são assim. O prazo para recuperar esse relacionamento pode demorar séculos.”

A situação é preocupante, diz o sócio-diretor da Scot Consultoria, Alcides Torres. “Agora que o Brasil, depois de anos, conseguiu conquistar o mundo e o mercado externo, a situação é de apreensão”, avalia o consultor. “Isso pode afetar as exportações do agronegócio brasileiro, sim”, confirma.

“Eventuais suspensões de compras dos produtos brasileiros podem vir dos países e blocos econômicos de maior poder aquisitivo, sobretudo a Europa, continua Torres, não tanto pela motivação das minorias ambientalistas, que seria apenas um pretexto”, observa.

“A questão é de concorrência, mesmo”, diz ele, acrescentando que é “praticamente impossível” a Europa, que se situa em região de clima temperado, concorrer com commodities, em termos de preço, produzidas em clima tropical como no Brasil.

“A produção de boi a pasto e de grãos, com o nível de insolação que a gente tem aqui, é difícil de bater em termos de custos de produção”, diz Torres. “Por isso acredito que, sob o argumento conservacionista, a Europa pode, sim, suspender as compras, embora o real motivo seja a extrema competitividade do Brasil, pura questão econômica.”

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O principal parceiro comercial brasileiro, a China, embora precise das commodities produzidas aqui, tem sido cada vez mais rigorosa. “Eles (os chineses) só compram carne de bois abatidos até os 30 meses”, exemplificou Torres, informando que eles fiscalizam carcaça por carcaça, fazendo verificação bucal em cada uma para checar a idade dos animais. “Se virem algum defeito, desclassificam o lote inteiro.” Para Torres, embora os chineses já tenham entendido a necessidade de alimentar a sua população para ter paz, “não vão dar moleza” para o Brasil”. (Com Agência Estado)

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