Passada a fase mais difícil da reforma da Previdência a aprovação na Câmara dos Deputados o setor industrial começa a olhar o cenário nacional e estadual com mais otimismo. Apesar de ainda precisar passar por situações importantes, como a reforma tributária, as concessões para melhorar a infraestrutura e os leilões de campos de petróleo, o sentimento é de que nos próximos meses a situação comece a melhorar.
"Acho que nós estamos vivendo uma época muito importante para o Brasil. Nosso otimismo decorre dessa agenda de reformas que, aparentemente, o país resolveu enfrentar. Reformas que são necessárias há anos e que, finalmente, acordaram para resolvê-las. A gente venceu a Previdência, acho que esse ano entra a reforma tributária, entra uma agenda de simplificação do país. Estamos trazendo uma carga importante de investimentos em infraestrutura e o país está vocacionado a fazer o ato de empreender ser mais simplificado", comentou o presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), Léo de Castro.
"Temos o marco regulatório do saneamento, que sempre foi um problema do Brasil e do Espírito Santo, e que deve acelerar a entrada de capital privado nessa área. Temos ainda a revisão da lei do licenciamento ambiental que tem condições de ser votada esse ano, a liberação do FGTS, a MP da liberdade econômica, a redução dos juros... São vários pontos que nos fazem acreditar nessa melhoria", completou.
Sinal do otimismo é o aumento da produção industrial de maio para junho. O crescimento foi tímido apenas 1% , mas que começa a reverter uma queda acumulada ao longo do primeiro semestre (-12%) e nos últimos 12 meses (-13,2%). O crescimento em junho foi puxado, principalmente, pelo setor de minerais não-metálicos constituído por empresas de rochas ornamentais e cimento e pelo setor de produtos alimentícios.
No semestre, as quedas foram acentuadas pelos setores de celulose, papel e outros produtos de papel (com um decréscimo de 28,5%) e de indústrias extrativas (-17,9%) - setor no qual entram a Petrobras, Vale e outras empresas.
Para Léo de Castro, o segundo semestre de 2019 e o ano de 2020 tendem a ser melhores. "O primeiro semestre do setor de mineração, por exemplo, foi inconstante, com o acidente de Brumadinho e com muitas interrupções na mina de Brucutu. No segundo semestre, a produção deve ser mais estável. Mais para frente, saindo os leilões dos campos da Petrobras o Estado também tem muito a ganhar", acrescentou Léo.
Dados do Instituto de Desenvolvimento Educacional e Industrial do Espírito Santo (Ideies) apontam que 63,4% dos empresários industriais têm uma expectativa de otimismo em relação ao futuro; ainda que para 48% as condições atuais sejam de pessimismo.
Em julho, o Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) do Espírito Santo permaneceu na região de otimismo e registrou um aumento de 0,6 ponto frente a junho, atingindo 59,1 pontos. O otimismo do empresário industrial capixaba é maior do que o do empresário industrial nacional, que ficou em 57,4%.
PIB
O economista Eduardo Araújo também reconhece o momento de dificuldade pelo qual a economia passa, mas compartilha parte do otimismo demonstrado pelo presidente da Findes.
"Quando olho para o primeiro semestre, vejo que a atividade comercial é que tem segurado o desempenho econômico. E se a gente pensar que a liberação do FGTS tenha neste ano um impacto semelhante ao que teve em 2017, quando foi liberado pela primeira vez, acredito que possamos fechar o ano com um Produto Interno Bruto (PIB) em torno de 1%, bem parecido com o do Brasil", analisou.
"A aprovação da reforma da Previdência dá uma sinalização positiva para o país, o que pode aumentar os investimentos. Existe certo risco político por conta de alguma fala polêmica vinda do governo federal, mas as mudanças econômicas têm sido muito bem avaliadas. É um cenário positivo. Ainda demanda muitos investimentos em infraestrutura, mas é um cenário positivo", conclui.
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