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Petrobras falhou em contenção de dano em vazamento no ES, diz Ibama

Petrobras falhou em contenção de dano em vazamento no ES, diz Ibama

Acidente na plataforma P-58, em 23 de fevereiro, gerou uma mancha de petróleo que se estendeu por 2,4 quilômetros. Empresa também escondeu vazamento em no Rio de Janeiro

Publicado em 26 de agosto de 2019 às 23:26

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Plataforma P-58 é a maior produtora de petróleo do litoral capixaba. (Divulgação/Agência Petrobras)

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) apontou falhas na contenção de danos provocados por dois vazamentos de petróleo no mar neste ano, envolvendo duas plataformas da Petrobras.  Um dos casos ocorreu em fevereiro na plataforma P-58, a 85 quilômetros da costa do Espírito Santo.

A P-58 é a maior produtora de petróleo do litoral capixaba e uma das maiores do país. Naquela ocasião, foram despejados 188 mil litros de óleo no mar.

A outra situação indicada pelo Ibama foi na plataforma P-53, na região de Arraial do Cabo, no Rio de Janeiro, quando a estatal escondeu o derramamento de óleo, deixou de comunicá-lo ao mercado e reportou a autoridades ambientais um volume vazado bem inferior ao que efetivamente ocorreu, segundo jornal O Globo.

O órgão ambiental afirma que nas duas situações havia condições para o recolhimento do óleo derramado, o que não teria acontecido. As falhas foram mantidas ocultas até então. Nos últimos dias, o corpo técnico do órgão comunicou o que ocorreu ao Ministério do Meio Ambiente.

RELATÓRIO

Segundo o que foi reportado pelo Ibama ao ministério, um vazamento de petróleo ocorreu na P-53 em 25 de março deste ano. Inicialmente, o volume vazado informado pela estatal foi de 1,7 mil litros. Depois, o volume calculado chegou a 122 mil litros, segundo informações do Ibama. Um relatório de investigação sobre o acidente registra que a ação de contenção e recolhimento de óleo só foi colocada em prática dois dias depois do acidente. A modelagem usada apontou um deslocamento da mancha rumo à costa, mas não houve recolhimento do petróleo.

Na ocasião, nenhum comunicado ao mercado foi feito pela Petrobras. A estatal de capital aberto precisa comunicar seus acionistas sobre fatos relevantes. Isto ocorreu, por exemplo, com o acidente envolvendo a plataforma P-58, no Espírito Santo. O comunicado foi divulgado no mesmo dia, com informação de que o volume vazado era estimado inicialmente em 188 mil litros.

Nos primeiros dias de abril, a imprensa noticiou o surgimento de um óleo preto e denso em praias de Arraial do Cabo, Armação dos Búzios e Cabo Frio, na Região dos Lagos, no Rio. A suspeita da Secretaria de Meio Ambiente de Arraial era de que se tratava de petróleo. Naquele momento, a Petrobras informou desconhecer a procedência do material. A presença do óleo foi percebida por banhistas, e o acesso a praias chegou a ficar interditado. Nenhuma autoridade relacionou o óleo encontrado ao vazamento na P-53.

O vazamento na P-58, em 23 de fevereiro de 2019, gerou uma mancha de petróleo que se estendeu por 2,4 quilômetros. A Petrobras chegou a informar que não houve recolhimento do petróleo vazado, que teria se evaporado.

Um parecer de avaliação sobre o acidente registra o que ocorreu. Uma embarcação de contenção optou por iniciar às 7h15 daquele dia a dispersão mecânica da mancha, o que começou a ser feito por outra embarcação às 8h09. Um sobrevoo inicial confirmou às 9h um volume significativo de óleo. A embarcação relatou condições favoráveis para lançamento de barreira de contenção, e às 11h04 o comandante do incidente autorizou uma operação de contenção e recolhimento. Mas, conforme o parecer, não houve retirada do óleo.

SOBREVOO

Por meio da assessoria de imprensa, a Petrobras afirmou ao jornal O Globo que a primeira avaliação sobre a ocorrência na P-53 foi feita a partir de um sobrevoo, para uma inspeção visual. "Essa primeira avaliação é preliminar e suscetível à margem de erro, em função do reflexo da incidência solar no mar, que pode alterar a cor da mancha", disse a estatal. A empresa não disse porque omitiu o acidente.

Sobre o vazamento na P-58, a Petrobras afirmou que a operação de "recolhimento, contenção e dispersão" do petróleo teve início imediato e contou com seis embarcações. "Os órgãos responsáveis autorizaram o encerramento das operações pois foi verificado que não havia mais óleo decorrente do vazamento, atestando a efetividade das ações de respostas à emergência adotada pela companhia."

A estatal disse ter adotado ações de controle nos dois casos, de forma imediata, com acompanhamento dos órgãos ambientais e da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). 

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