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Regra ambiental flexível pode ter impacto nas exportações

Regra ambiental flexível pode ter impacto nas exportações

Briga brasileira com a União Europeia pode atrapalhar vendas de produtores do Estado

Publicado em 24 de agosto de 2019 às 23:04

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Café é um dos principais produtos de exportação do setor agrícola do Espírito Santo. Imagem ruim do Brasil pode repercutir nesse segmento. (Pixabay)

O debate nacional em torno do afrouxamento de regras ambientais tem gerado preocupação em relação aos possíveis efeitos no agronegócio. A política do atual governo já culminou em cortes de verbas da Alemanha e da Noruega para o Fundo Amazônia, mas podem ter impactos econômicos para o Brasil e até para o Estado. Acordos importantes como o fechado em junho com a Europa estão ameaçados, segundo especialistas. A situação provoca receio entre os empresários do setor rural.

O Espírito Santo é, atualmente, um dos principais exportadores de commodities de alimentos e grãos do Brasil com uma grande variedade de produtos, sendo os principais, celulose, café e pimenta. O agronegócio capixaba é responsável por cerca de 25% do total de exportação do Estado, somente em 2018 o setor vendeu para o exterior cerca de US$ 1,6 bilhão (aproximadamente R$ 6,4 bilhões).

Selo do Curso de Residência em Jornalismo Rede Gazeta. (Divulgação)

A repercussão negativa do discurso adotado pelo atual governo sobre o meio ambiente tem gerado preocupação em relação à uma possível imagem negativa e, por consequência, prejuízos na arrecadação do setor.

O subsecretário de Agricultura, Pesca e Desenvolvimento Rural Sustentável, Michel Simon, defende que deve haver equilíbrio para tratar dos assuntos que tangem o meio ambiente.

“A gente enxerga que falas muito incisivas, como as que têm ocorrido, acabam prejudicando a imagem do agronegócio brasileiro construída ao longo dos anos. O tema ambiental de modo geral é complexo e precisa ser tratado com muito equilíbrio. No Estado, a gente tem fomentado técnicas voltadas para obter maior produtividade com menor impacto ambiental”, relata.

O centro das discussões sobre meio ambiente é a liberação para aumentar o desmatamento em áreas protegidas. Alguns estudos projetam perdas de produtividade causadas por essas ações e mudanças climáticas para os próximos 30 anos. Essas alterações têm potencial para impactar o agronegócio brasileiro como um todo.

De acordo com o subsecretário, o Brasil tem condições de aumentar o volume produzido em áreas que já estão abertas e sendo utilizadas para cultivo. A produtividade baixa se dá, segundo ele, pela falta de tecnologia. “O planejamento tem que ser feito levando em conta as condições ambientais e climáticas. É preferível investir em tecnologia para melhorar as condições de produção do que na abertura de novas áreas por meio do desmatamento”, defende. A maior dificuldade é, no entanto, fazer com que as tecnologias cheguem aos produtores, e que estes, tenham a assistência técnica necessária.

No Espírito Santo, o subsecretário afirma não ser comum o desmatamento para aumento de área produtiva. “Alguns critérios classificam as vegetações para suprimento mas não é característica da produção capixaba. As propriedades são, na maioria, familiares”.

Por outro lado, a acelerada liberação de agrotóxicos é a maior já registrada pelo Ministério da Agricultura. O subsecretário afirma que o uso do agrotóxicos é uma alternativa e que existem normas técnicas para comercialização, só sendo possível o uso com base em um receituário agronômico.

Ainda assim, para minimizar os possíveis efeitos negativos das decisões federais, o governo estadual tem adotado técnicas sustentáveis e incentivado a produção orgânica. Além das feiras, organizadas na Grande Vitória, o subsecretário destaca a implementação de uma política voltada para produção e pesquisas na área.

“Quando se fala de impacto não é interessante para o Brasil passar a imagem de um país permissível. É fundamental que se tenha clareza e que as questões sejam tratadas sem extremismos, equilibrando a agenda ambiental com agenda da produção”, reforça.

PRINCIPAIS VENDAS AO EXTERIOR

Café cru em grão

US$ 444,74 milhões

Valor corresponde a R$ 1,7 bi. Foram exportadas 238 mil toneladas.

Pimenta em grão

US$ 80,64 milhões

Setor faturou R$ 320 milhões com vendas de 29 mil toneladas de pimenta.

Carne de boi

US$ 27,18 milhões

A receita foi de R$ 108 milhões na exportação de 6 mil toneladas.

Mamão papaia

US$ 22,9 milhões

Estado exportou 10 mil toneladas de papaia que rendeu R$ 91,6 milhçoes de receita.

Carne de frango

US$ 12,96 milhões

Valor corresponde a R$ 51,8 milhões em carne de frango exportada.

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Fonte: Mdic. Dados de 2018

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