A renda média dos trabalhadores da iniciativa privada no Espírito Santo, que se mantém praticamente estagnada nos últimos cinco anos, voltou a cair no segundo trimestre de 2019. Por outro lado, a média dos salários dos funcionários públicos vem crescendo nesse período.
Para além disso, há o fato de que, normalmente, o rendimento dos trabalhadores do setor público é o dobro dos empregados do setor privado, com diferenças nas remunerações que ocorrem até em cargos que exigem a mesma formação educacional, conforme revelou a série de reportagens "Renda Bruta", do Gazeta Online.
Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), divulgados nesta quinta-feira (15) pelo IBGE, mostram que no segundo trimestre deste ano o rendimento médio mensal dos trabalhadores da iniciativa privada foi de R$ 1.731, uma queda de R$ 18 em relação ao primeiro, quando a remuneração média no setor foi de R$ 1.749.
Já os funcionários públicos ganharam R$ 3.578 no mesmo período em média, um aumento de R$ 15 em relação ao primeiro trimestre deste ano, quando a renda do setor público no Estado foi de R$ 3.563.
CRESCIMENTO DE R$ 621
As variações de um trimestre para o outro podem até parecer pequenas, mas ao olhar a série histórica da Pnad é possível identificar que nos últimos cinco anos, com a crise econômica, a trajetória foi a mesma: enquanto os salários da iniciativa privada caíram ou ficaram estagnados, com pequenas variações; os do setor público tiveram aumentos expressivos.
No segundo trimestre de 2015, a renda média mensal do setor público era R$ 2.957, ou seja, cresceu R$ 621 até hoje. Já no setor privado, também em 2015, a média era de R$ 1.759, valor R$ 28 maior que hoje.
Segundo o economista Eduardo Araújo, essa disparidade se dá por vários motivos. O primeiro, porque o setor público tem uma lógica de contratação e remuneração diferentes, não levando em conta a produtividade ou a eficiência.
"A contratação é feita por concurso, então se presume que esse trabalhador tenha uma qualificação maior e por isso se justificam os salários maiores, mas nem sempre isso se reflete numa garantia de produtividade e melhor prestação de serviços para a sociedade", explica o economista, que complementa:
"Outro ponto é que no serviço público, mesmo que os governantes não concedam reajustes, há um crescimento salarial existente por progressões automáticas de carreira por conta do tempo de vínculo, prêmios e avaliações internas. No setor privado isso não existe. Não há essa progressão assim como se segura mais a concessão de reajustes", diz.
Eduardo lembra ainda do fator estabilidade. Como o servidor não pode ser demitido, a massa salarial costuma ser crescente. Já no setor privado, as demissões contribuem para que a média dos salários caia, já que muitos após saírem de um emprego formal vão para a informalidade, como trabalhar por conta própria, e por isso a renda cai.
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