Mal começaram os pagamentos dos R$ 500 do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e muitos trabalhadores já receberam mensagens de empresas sugerindo que o dinheiro do saque imediato seja usado para quitar contas atrasadas. Essas mesmas empresas, pelo WhatsApp ou SMS, também têm oferecido propostas de descontos e parcelamentos.
Pagar dívidas, segundo economistas, deve ser mesmo a prioridade para o trabalhador que estiver com o dinheiro do fundo em mãos, mas atenção: especialistas orientam que é preciso ter cuidado e que o ideal é fazer essa negociação pessoalmente - e não pelo celular -, o que pode ser mais vantajoso e, claro, mais seguro para o consumidor.
Nesta sexta-feira (13), a Caixa Econômica Federal iniciou o calendário de saques para poupadoras que fazem aniversário entre janeiro e abril. Nesta primeira etapa, serão liberados R$ 5 bilhões para aproximadamente 12 milhões de trabalhadores em todo país, cerca de 250 mil no Espírito Santo. O trabalhador pode sacar até R$ 500 de cada conta do FGTS, seja ela ativa ou inativa.
No Estado, quase 40% das novas inclusões no Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), em agosto, são de dívidas de até R$ 500, valor máximo que pode ser sacado. Ou seja, muitos endividados que terão a oportunidade de acertar as contas.
O economista Marcelo Loyola diz que o trabalhador deve priorizar o pagamento das dívidas, mas pontua que uma negociação pessoal costuma ser mais eficiente. "Se o consumidor ficar satisfeito com o que a empresa ofereceu pelo aplicativo, não tem problema. Mas em uma negociação pessoal e próxima com o credor, é normal ter um maior abatimento de juros e multa".
Já o economista Pedro Lang reforça que a capacidade do trabalhador de negociar uma dívida aumenta em um contato pessoal. Embora a praticidade seja uma vantagem da negociação por mensagem, o convencimento acaba sendo menor.
"Para o consumidor, é muito melhor fazer negociação pessoalmente. Claro que vai tomar tempo, ele vai ter a chateação de ir até a empresa, mas pelo meio eletrônico ele não vai, provavelmente, conseguir flexibilizar pagamento, flexibilizar valor. Ele não vai ter um grau de convencimento tão grande quanto ele teria pessoalmente", ressalta.
A merendeira Fabiana Conceição de Jesus é uma das capixabas que querem retirar o dinheiro do FGTS para abater as dívidas. "[Vou usar para] Pagar umas contas, umas continhas que a gente está devendo. Está difícil, mas vai dar uma ajudinha essa grana", comentou na porta de uma agência da Caixa, na Serra, nesta sexta.
Uma opção para o trabalhador é fazer uso dos Procons e dos mutirões de renegociação de dívidas, que contam com profissionais habilitados para fazer essa intermediação. Uma vez pactuado com a empresa uma nova forma de pagamento, é muito importante que o endividado honre esse compromisso, como alerta Loyola. "Costumo falar que o maior patrimônio do consumidor é seu nome na praça. Por isso, antes de assumir o acordo, ele precisa saber se vai ter condições de honrá-lo".
Para não cometer nenhuma besteira nessa hora, os especialistas deixam a boa e velha dica: sentar, colocar as contas na mesa e calcular o quanto precisa ser pago e o quanto a família recebe.
O QUE DEVE SER PRIORIDADE COM O FGTS
1. Quitar dívidas
A iniciativa mais bem-vinda em um momento como esses é a quitação das dívidas. É uma oportunidade para o trabalhador ter e manter uma organização financeira. Antes de quitar, no entanto, o consumidor precisa saber se vai ter condições de arcar com as contas essenciais do dia a dia, como água e luz.
2. Fazer reservas
Se não está com as contas atrasadas, previna-se para as épocas sem fartura. Faça uma poupança para ter um dinheiro de reserva em períodos de dificuldade.
3. Por último, fazer compras
A orientação dos especialistas é de que se use esse dinheiro apenas para fazer compras muito necessárias. Se não, a recomendação é poupar essa grana.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta