A crise que elevou o preço do petróleo no mercado internacional após ataques a refinarias na Arábia Saudita pode aumentar a arrecadação de Estados e municípios que recebem royalties do petróleo. É esse o caso do Espírito Santo e de cidades capixabas.
O Estado é um dos principais produtores do óleo no Brasil e pode se beneficiar com o aumento do preço do produto, já que a produção mundial de petróleo caiu cerca de 5% por conta dos ataques com drones às instalações da petroleira Aramco, na Arábia Saudita. O valor do barril subiu 20%, chegando a US$ 70.
"Aqui no Espírito Santo, como região produtora, espera-se que essa crise tenha um efeito dúbio. Por um lado ela pode aumentar o preço de vários produtos, como combustíveis, mas, por outro, ela aumenta a arrecadação. Algumas atividades passam a lucrar mais, mas é muito pontual", observa o economista e professor da Ufes Fernando Bissoli.
Apesar da previsão de que o preço do combustível aumente, a Petrobras vai segurar preço de gasolina até mercado estabilizar. Então, a curto prazo, o preço nos postos para o consumidor não deve subir.
O economista Mário Vasconcelos concorda com Bissoli, mas faz uma ressalva: o aumento de arrecadação não vai acontecer do dia para a noite.
"O lado positivo dessa crise é que vai aumentar a nossa arrecadação. Nossa e dos demais Estados produtores. Mas isso também não vai acontecer de hoje pra amanhã. Deve levar algum tempo, o que deve variar com o tempo que a Arábia Saudita vai continuar com produção reduzida", comenta.
"Economia tem muito disso. Quando surge uma coisa ruim, vem outra boa para compensar", acrescenta.
"ARTIFICIAL"
Já a doutora em Contabilidade e Administração Neyla Tardin, professora da Fucape, lembra que a receita não vem via redução de custos. "É um aumento vindo com aumento de custo que é repassado a quem paga pelo petróleo. Em geral, acredito que não seja benéfico. Esse aumento do preço infla a arrecadação de forma artificial", avalia.
COMPENSAÇÃO TEMPORÁRIA
O secretário de Estado da Fazenda, Rogelio Pegoretti, explica que o aumento do preço do barril de petróleo trará um eventual incremento em royalties e participações especiais para o Espírito Santo. "Do ponto de vista das finanças públicas é muito positivo, porém não é algo que o Estado possa imaginar como forma perene, pois está vindo para compensar uma queda da produção", disse.
Quanto ao possível aumento do preço do combustível, Pegoretti pontua que "a alta do preço penaliza o consumidor e isso não desejamos". "O que queremos é a estabilidade e a previsibilidade do preço", finaliza.
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