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Homens fazem cursos antes dominados por mulheres para ter renda extra

Homens fazem cursos antes dominados por mulheres para ter renda extra

Para driblar a crise e o desemprego, eles também investem em cursos como estética, doces e salgados e decoração de festas

Publicado em 9 de setembro de 2019 às 18:24

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Iarle Fonseca Pereira, 38 anos, é bombeiro e faz curso de doces para festas . (Fernando Madeira)

Com as mudanças constantes no mercado de trabalho, os homens agora investem em capacitação em áreas que eram predominantemente das mulheres. Doces, decoração para festas e até estética estão entre as áreas.

A participação deles nesse mercado ainda é pequena, mas a tendência é que no futuro haja cada vez menos segregação de profissões por gênero. E os motivos para eles procurem essas atividades são muitos. Os homens querem diversificar a profissão, driblar o desemprego ou até mesmo ter uma fonte de renda extra.

Só para se ter uma ideia, no ramo de comércio de doces, balas e bombons, eles já são 40% dos empreendedores registrados no Sebrae no Espírito Santo. Dos 375 registros, 156 são homens e 219 mulheres. Em outras atividades, essa presença ainda é tímida. Nas atividades de estética, no Espírito Santo consta 4.793 profissionais cadastrados, sendo 174 pessoas do sexo masculino.

A secretária de Estado da Ciência, Tecnologia, Inovação e Educação Profissional, Cristina Engel, ressalta que os tempos mudaram e que a sociedade está menos preconceituosa em relação às atividades profissionais. “As pessoas devem ocupar funções que as fazem se sentir mais felizes”, destaca.

Os cursos de qualificação oferecidos pelo Sine da Serra também registram essa mudança. O secretário de Trabalho, Emprego e Renda da cidade, Roberto Carlos, informou que na última turma de designer de sobrancelha, por exemplo, dos 12 alunos, dois eram homens. Já no curso de salgadeiro, eram 18 alunos, sendo dois do sexo masculino.

Muitos deles estão de olho na possibilidade de fazer uma renda extra, como é o caso do Iarle Fonseca Pereira, 38 anos, que foi o único homem aluno do curso de doces para festas, oferecido pelo Qualificar ES, promovido pelo governo do Estado.

“Sou bombeiro militar e sempre tive vontade de empreender em alguma coisa, mas não sabia em quê. Minha ideia sempre foi investir em algo que eu pudesse conciliar com a minha profissão, no cuidado das minhas filhas e que eu pudesse fazer nos meus momentos de folga. Foi então que me interessei pelo segmento de alimentação. Apesar de ser o único homem, sempre fui muito bem tratado pelas minhas colegas”, comenta.

Pereira também já fez curso de panificação no ano passado e aproveitou a época do Natal para ganhar um dinheiro extra. “Produzi 400 mini panetones em três dias. Gostei da didática e pretendo fazer outros cursos, entre eles o de confeitaria. A minha ideia é aproveitar essas oportunidades para complementar a renda”, diz.

Durante as aulas do Qualificar ES, os alunos têm aulas de empreendedorismo, gerenciamento de custo, receitas, gestão do estoque, precificação de produtos, divulgação em mídias sociais, entre outras disciplinas.

Vanderlei Rodrigues Francisco, 22 anos, é o único homem da turma de Decoração de Festas. (Acervo pessoal)

Outro aluno que aproveitou as oportunidades do Qualificar ES foi o Vanderlei Rodrigues Francisco, 22 anos, que fez o curso de Decoração para Festas. Ele conta que sempre teve habilidade para organizar as festas da família e agora quer usar isso a seu favor e começar a ganhar dinheiro.

“Há um ano, me formei em Biologia, mas não consegui emprego na área. Fiquei sabendo do curso do Qualificar ES que seria oferecido perto da minha casa. Quando me matriculei, achei que não seria o único homem. Foi até uma surpresa! No entanto, fui muito bem-recebido”, comenta. Com a conclusão das aulas, Francisco pretende se profissionalizar e ganhar dinheiro com eventos.

ESTÉTICA

No CEET Vasco Coutinho, do universo de quase 60 alunos do curso de Estética, três são homens. Um deles é o Wadson Gama Mendes, 37 anos, que começou a estudar no início deste ano. Ele, que está concluindo a formação de Técnico de Enfermagem, procurou a qualificação como forma de agregar valor à sua profissão.

“Meus pais são pessoas de idade e foi por isso que escolhi fazer esses dois cursos como forma de unir os cuidados em relação à saúde. Para mim, estar em uma turma só com mulheres ajuda a entender um pouco mais sobre o segmento estético”, afirma. Mendes quer investir no próprio negócio.

Outro homem da turma é o cabeleireiro Wallace Cardoso, 33 anos. Ele faz faculdade de Administração e quer aumentar o seu leque de oportunidades após concluir o curso de Estética.

“O mundo não está sendo dominado pelas mulheres. Acredito que há espaço para todo mundo. O negócio é correr atrás. Vou abrir meu salão nos próximos meses, oferecendo serviços a mais para minhas clientes”, pontua.

Na opinião da coordenadora do turno noturno, Rayanna Karolina Silva de Freitas, o mercado de estética é bastante amplo, além de ser um dos ramos que mais cresce. “Os homens estão se cuidando mais e a procura por esta formação vai funcionar como oportunidades para ganhar dinheiro”, afirma.

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