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Por que e como a Petrobras vai segurar o preço da gasolina?

Por que e como a Petrobras vai segurar o preço da gasolina?

Barril de petróleo está US$ 10 mais caro em relação à semana passada após ataques na Arábia Saudita. Ainda assim, empresa diz que valor do combustível no Brasil não vai aumentar

Publicado em 17 de setembro de 2019 às 16:29

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Petrobras garantiu que o preço dos combustíveis não vai ser afetado pela crise do petróleo. (Tomaz Silva/Agência Brasil)

O ataque à refinaria Aramco, na Arábia Saudita, no último final de semana, impactou diretamente o preço do barril de petróleo. Se antes dos ataques o barril estava sendo negociado a aproximadamente US$ 60, agora está variando em torno de US$ 70.

Por que e como a Petrobras vai segurar o preço da gasolina

Mesmo assim, a Petrobras garantiu que o preço dos combustíveis no Brasil não deverá sofrer alterações até que o mercado se estabilize. Mas como isso pode ser feito? A empresa vai dar subsídios para o preço não aumente? Isso não pode piorar as contas da Petrobras?

De fato, se houvesse um subsídio, a empresa poderia entrar em mais uma crise. No entanto, destaca o doutor em Contabilidade e Controladoria Fernando Galdi, não é esse o sistema que será utilizado. Dessa vez, para evitar grandes mudanças no preço, a empresa utiliza o sistema de "hedge".

"Operações em hedge são as que as empresas fazem para se proteger de riscos - sejam eles financeiros, cambiais, climáticos, entre outros. Quando a gente pensa no barril de petróleo, há dois riscos maiores: o cambial, com a variação do dólar, e o de preços. Para este último, é preciso prevenir contra quedas ou aumentos abruptos no valor do produto no mercado internacional", explica.

Neste caso, então, a Petrobras utiliza o hedge de preços. "Quando a empresa decide ter essa proteção ela passa a receber um pouco menos nas vendas, mas fica protegida das oscilações, como estamos vendo", completa Galdi.

No contrato de hedge é fixado o valor da mercadoria, ação, título ou taxa cambial negociados, que deverá ser cumprido no momento da entrega ou efetivação da venda. Mesmo que haja desvalorização na bolsa, o valor de referência para o negócio já foi definido pela operação de cobertura e deverá ser cumprido.

Esse sistema, porém, não consegue conter as perdas por muito tempo. "Se esta crise se prolongar, se o preço do petróleo se estabilizar em torno de US$ 70, a empresa vai precisar fazer o repasse da alta dos preços que deve chegar até os clientes", informa o doutor em Contabilidade e Controladoria.

A estimativa é que o hedge da Petrobras consiga suportar as variações ao longo de duas ou três semanas. Já o retorno das operações da Aramco, que normalizariam o fornecimento de petróleo, pode demorar de duas semanas a alguns meses - ainda há muita especulação no mercado sobre a possível data de retorno das operações.

SEM SUBSÍDIO

Agora, se a produção de petróleo demorar a voltar ao nível normal, a Petrobras deve subsidiar o preço dos combustíveis? Para a economista Arilda Teixeira, não. "A Petrobras é uma empresa brasileira de capital aberto. Ela não tem responsabilidade financeira para com os brasileiros, mas sim para com os sócios", avalia.

Vale destacar que parte da crise enfrentada pela Petrobras foi causada por um subsídio que a empresa deu aos consumidores. Em 2014 a empresa registrou prejuízos para que o preço dos combustíveis não tivessem aumento.

"É um erro de interpretação pensar que a Petrobras tenha que defender o interesse do brasileiros. Quem tem que defender os brasileiros é o Estado - fazendo investimentos em infraestrutura, segurança, educação. É demagogia associar à Petrobras a responsabilidade para minimizar os efeitos de mercado", conclui. 

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