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Poupança corrigida pela inflação deve aumentar ganho de investidor

Poupança corrigida pela inflação deve aumentar ganho de investidor

Segundo especialistas, proposta do governo de atrelar o rendimento da caderneta ao IPCA vai dar uma sensação de ganho real para o poupador e proporcionar uma fonte alternativa de recursos para a habitação

Publicado em 13 de setembro de 2019 às 21:51

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Poupança vai render de acordo com a inflação. (Pixabay)

Forma favorita do brasileiro guardar dinheiro, a caderneta de poupança pode passar a render mais. O governo federal está estudando modificar a rentabilidade da aplicação para torná-la mais atrativa. A ideia é corrigir o rendimento poupança pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial do país, o que segundo especialistas vai dar uma sensação de ganho real para o poupador e proporcionar uma fonte alternativa de recursos para a habitação.

O tema está sendo discutido entre o Banco Central (BC) e o Ministério da Economia. De acordo com informações do jornal O Globo, independentemente do patamar da Selic, o retorno da caderneta seria equivalente a 70% da taxa básica de juros acrescido da variação do IPCA.

Com isso, a inflação substituiria a Taxa Referencial (TR), usada hoje na rentabilidade da poupança junto da Selic, mas que está zerada desde o ano passado.

Para Vaner Corrêa Simões Júnior, que é economista e conselheiro do Conselho Regional de Economia (Corecon), se a poupança estiver atrelada à inflação o poupador vai sair em vantagem. Atualmente, com a Selic em 6% ao ano, a poupança rende 70% da sua variação mais a TR, ou seja, 4,2% ao ano.

De acordo com o Banco Central, a inflação acumulada de agosto, nos últimos 12 meses, é de 3,43%. Com a mudança, o dinheiro aplicado na poupança renderia 7,63% ao ano. O percentual é bem superior à meta de inflação para 2019 (4,25%), que já é ligeiramente mais elevado do que o atual rendimento da poupança.

“Atrelar a poupança é uma medida é positiva, mas o governo não deve deixar a poupança com um percentual muito superior ao do IPCA por causa da fuga de investidores da renda fixa, como a compra de papéis de dívida pública, o que não seria interessante para o governo”, pondera o conselheiro do Corecon.

Impactos na construção civil

De acordo com Aristóteles Passos Costa Neto, vice-presidente do Sindicato das Empresas de Construção do Espírito Santo (Sinduscon-ES), existem duas fontes de financiamento do mercado imobiliário. Um delas são repasses do Fundo de Garantia de Tempo de Serviço (FGTS). Já a outra vem de recursos aplicados na poupança.

“Qualquer empresa que queira fazer um empreendimento vai a um banco, público ou privado, para pegar empréstimo com o dinheiro que vem desses fundos. Depois, quando vende as unidades habitacionais, paga esse empréstimo”, explica.

Desde o começo do ano, as empresas do ramo da construção civil estão descontentes com a liberação do saque do FGTS, que é fundamental para que elas toquem as obras do Programa Minha Casa Minha Vida. Além disso, no acumulado de janeiro a agosto deste ano, os resgates da poupança já somavam R$ 1,59 trilhão. O valor é superior ao de depósitos (R$ 1,57 trilhão) em R$ 14,8 bilhões. 

Com a

 

poupança mais atrativa, mais pessoas vão alocar seu capital nela e, consequentemente, haverá mais dinheiro a ser emprestado às empresas por meio do fundo que ela abastece.

André Moura, professor do curso de finanças da Fucape e co-fundador da Upthinkr, lembra que a maioria das pessoas compram o imóvel através de financiamento.

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"Se a poupança e o financiamento do imóvel estão atrelados ao mesmo indicador, o IPCA, por exemplo, significa que o poupador acaba tendo um pouco mais de proteção com o seu dinheiro. Com isso, as empresas vão ter certeza de que o dinheiro do consumidor está rendendo acima da inflação, o que implica em uma percepção de risco menor para a construtora”, diz.

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