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Produção industrial cresce no ES, mas resultado ainda não agrada

Produção industrial cresce no ES, mas resultado ainda não agrada

A produção industrial capixaba vem sendo impactada principalmente pelo mercado externo

Publicado em 11 de setembro de 2019 às 02:37

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Celulose produzida no ES sendo carregada em navio em Portocel, Aracruz. (Marcelo Prest/Arquivo)

A produção da indústria capixaba reagiu em julho crescendo 1,7% em relação ao mês anterior, mas o resultado ainda não agrada. Desde o começo deste ano, a atividade indústria no Espírito Santo registra uma retração de 12,2% na sua atividade, em relação ao mesmo período do ano anterior. O índice continua negativo, principalmente, por conta do mau desempenho dos setores extrativista (mineração e petróleo) e de celulose e papel.

De acordo com especialistas, a produção industrial capixaba vem sendo impactada principalmente pelo mercado externo, já que o Estado produz basicamente commodities. Essa combinação faz o resultado acumulado do ano continuar bem abaixo dos demais Estados do país, como Minas Gerais (-4,7%), que sofreu um forte baque na economia após o rompimento da barragem de Brumadinho em janeiro. Os dados são da pesquisa mensal do IBGE divulgados nesta terça-feira (10).

No acumulado de janeiro a julho deste ano, a indústria capixaba de celulose, papel e produtos de papel apresenta uma queda de 31% na produção, a maior retração entre os setores, seguida pela extrativa (-18,2%), indústria geral (-12%) e de produtos alimentícios (-4%).

De acordo com o diretor-presidente do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN), Luiz Paulo Vellozo Lucas, neste ano, os índices da indústria continuam caindo, mas a uma taxa bem menor. “Tivemos um comportamento positivo em relação ao mês passado, mas negativo em relação ao ano anterior. A explicação para isso é a mesma desde o início do ano: os setores da celulose e da extração”, comenta.

A redução da demanda mundial por celulose e a falta de eucalipto no Estado estão contribuindo para o mau desempenho do setor, como aponta o economista Orlando Caliman.

“Temos uma economia mundial em desaquecimento, o que causa uma queda na demanda de celulose. Além disso, temos a Suzano enfrentando problemas para produzir madeira para atender sua capacidade de produção local", pontuou.

No primeiro trimestre deste ano, a Suzano realizou uma parada simultânea para manutenção nas linhas A, B e C da fábrica de Aracruz. Já em maio, o presidente da Suzano, Walter Schalka, anunciou a redução da produção e do estoque de celulose da empresa para “maximizar os ativos biológicos a longo prazo”, no país, motivada pela guerra comercial entre Estados Unidos e China.

De acordo com a apresentação de resultados da empresa aos investidores, no segundo trimestre deste ano, a companhia vendeu 2,2 milhões toneladas de papel (R$ 2,2 milhões). O volume foi 14% inferior ao mesmo período de 2018 (2,5 milhões de toneladas). Além disso, o preço médio líquido reduziu, passou de US$ 711 por tonelada no primeiro trimestre deste ano para US$ 630 no segundo trimestre.

EXPORTAÇÃO

O economista Wallace Millis ressalta a relação direta que o Espírito Santo tem com o mercado internacional. “O preço das commodities lá afeta diretamente a produção industrial capixaba, já que o Espírito Santo é o Estado brasileiro que tem maior abertura ao comércio exterior ”, aponta.

De acordo com dados do Ministério da Economia, a exportação de celulose de janeiro a agosto deste ano, comparado ao mesmo período do ano passado, caiu 32,1% no Estado. Redução de US$ 197 milhões em valores reais.

Já a indústria extrativa mineral, que também vem apresentando resultados negativos ao longo do ano, também sofreu com a redução de consumo mundial. As exportações de minério de ferro e seus concentrados reduziu em 14,5% no acumulado de janeiro a agosto deste ano na comparação com o mesmo período de 2018. A arrecadação com esse produto caiu em US$ 241,24 milhões.

“Os recursos minerais oscilam muito porque a economia internacional ainda está muito indefinida. Temos uma desaceleração em curso na Europa e na América Latina temos uma incógnita. Já nos Estados Unidos, temos que prestar atenção aos efeitos causados pelo presidente e suas medidas protecionistas. Só teremos crescimento mesmo na Ásia. Se cair a demanda lá, a produção cai aqui”, afirma a economista Arilda Teixeira.

EM BAIXA

Na comparação entre julho deste ano com julho do ano passado, o Espírito Santo teve a produção industrial reduzida em 14,2%. O Estado não tem um percentual positivo nessa base de comparação desde dezembro de 2018 quando cresceu 3,1%.

Já no Brasil, comparando julho de 2019 ao mesmo mês de 2018, a produção caiu 2,5%, sendo que o último resultado positivo ocorreu em maio deste ano (7,5%).

Na comparação do acumulado dos últimos doze meses com o mesmo período anterior, o Estado teve o pior desempenho do Brasil. Enquanto o Rio Grande do Sul, melhor colocado, cresceu 8,4%, o Espírito Santo caiu 5,9% nesse período. Já a média nacional foi de -1,3%.

MELHORA LENTA

Apesar do recuo de 0,3% da indústria nacional no mês de julho, o Espírito Santo foi uma das sete localidades, entre as 15 pesquisadas, com crescimento da produção industrial na passagem de junho para julho (+1,7%).

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“Para o Estado, foi o segundo mês consecutivo de alta na comparação mensal. Este resultado positivo foi impulsionado pelo aumento da produção na indústria de transformação (+0,4%), puxado pelo maior dinamismo das atividades industriais de metalurgia, que cresceram 21,2%, e de produtos alimentícios, com crescimento de 0,7%”, explica a analista sênior do Observatório da Indústria do Ideies Suiani Meira.

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