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Retomada da indústria capixaba ainda levará tempo, diz especialista

Retomada da indústria capixaba ainda levará tempo, diz especialista

Segundo o coordenador do Observatório do Desenvolvimento Capixaba, Ednilson Felipe, o momento é de desafio e setor ainda deve levar alguns anos para voltar a crescer

Publicado em 19 de setembro de 2019 às 06:08

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A queda na produção de petróleo foi uma das responsáveis pelo mau desempenho da indústria capixaba. (Divulgação)

O mau desempenho do setor da indústria geral do Estado, que registrou queda de 7,3% no Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre de 2019 em comparação com o trimestre anterior, pode perdurar por alguns anos.

Segundo o professor de Economia da Ufes e coordenador do Observatório do Desenvolvimento Capixaba, Ednilson Felipe, o momento é de desafio e o setor ainda deve levar tempo para voltar a crescer. “Não há, no curto prazo, nenhum motor a vista para puxar a indústria do Espírito Santo para cima”, diz.

Mesmo com dificuldades sofridas pelo setor industrial, a alta do Produto Interno Bruto (PIB) do Espírito Santo, que foi de 2,5% no segundo trimestre em comparação com os três meses anteriores.

A baixa no desempenho da indústria, segundo análise do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN) foi puxada pelos setores extrativista, de petróleo e de celulose. “No Espírito Santo, a gente tem um PIB muito concentrado em poucos setores. Uma das mazelas é que, quando essas atividades não reagem, todo o PIB sofre com isso”, explica o professor.

A indústria extrativista do Estado ainda sofre com as consequências da tragédia de Brumadinho, em Minas Gerais, em janeiro deste ano, que refletiu negativamente na extração e produção de minério de ferro. O especialista explica que, além disso, há o fato de que o mercado externo não está muito favorável.

“Quando, com a crise, o ambiente externo se deteriorou, a gente também piorou. Hoje, o mercado externo não atrapalha e nem ajuda. Já teve um tempo em que essas empresas dominavam o crescimento, mas não é mais o caso”, afirma.

Já a produção do petróleo vem caindo desde o ano passado e alcançou em julho deste ano o nível mais baixo dos últimos nove anos, segundo dados da Agência Nacional de Petróleo (ANP). Mesmo com esse cenário, o presidente do IJSN, Luiz Paulo Velloso Lucas, acredita que esse é um setor promissor, apesar de admitir que é um dos principais responsáveis pelo desempenho ruim da indústria capixaba no segundo trimestre.

“É um setor muito promissor para o Espírito Santo. A volta do leilões, a expectativa de investimento offshore são muito significativas e vão provocar investimentos”, afirma.

O economista, no entanto, lembra que esses investimentos, mesmo que importantes, devem demorar até se refletirem no PIB capixaba. “O investimento não acontece rapidamente. Depois dos leilões, ainda devemos esperar cerca de três anos até que haja retorno. A empresa vencedora tem que fazer contrato, pesquisas, dimensionar os investimento necessários para operar aquele campo. Isso demora”, diz Felipe.

Outro setor importante para o Estado e que sofreu queda foi o de celulose, que caiu 28,5% no primeiro semestre. Uma retração global em preços e na demanda pela commodity tem forçado uma redução na produção na unidade da Suzano (empresa que nasceu da fusão da Suzano com a Fibria) em Aracruz, no Norte do Estado. Para diminuir os custos de produção, a empresa está favorecendo fábricas em outros Estados.

O cenário para a indústria capixaba é de desafio, afirma o especialista. “Nesse período é preciso fazer estrategias de sobrevivência como redução de custos, aproveitar para fazer treinamentos. É mais um período de ajustes. Não dá para contar com a demanda porque ela não vai vir tão cedo”, conclui.

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