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Conservadores atacam estudantes contrários às armas nos EUA

Conservadores atacam estudantes contrários às armas nos EUA

Mídia de direita minimiza capacidade ativista dos jovens e os acusa de serem atores pagos

Publicado em 21 de fevereiro de 2018 às 14:47

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-. (Reprodução/Web)

Em meio à forte pressão pela proibição do porte de armas exercida pelos estudantes que sobreviveram ao massacre com 17 mortos na escola Marjory Stoneman Douglas na Flórida na semana passada, uma série de veículos da mídia americana de viés conservador começou a atacar os jovens, que têm assumido a linha de frente no movimento para intimidar as autoridades a fazerem algo sobre o controle de armas. Figuras da mídia de direita têm sugerido que os adolescentes são atores pagos ou que até inventam fatos com ajuda de especialistas em relações públicas.

Na terça-feira, um assessor do legislador Shawn Harrison, da Flórida, chegou a ser demitido após acusar falsamente dois alunos da instituição de ensino de serem atores, informou o jornal "The New York Times". Ainda assim, os alunos têm se mostrado capazes de se defender sozinhos:

— Não sou um ator de crise. Sou alguém que testemunhou isso e viveu isso e continua a ter que fazer isso — disse David Hogg, jovem de 17 anos do último ano da Marjory Stoneman Douglas, à CNN. — O fato de que alguns estudantes da escola estão mostrando mais maturidade e ação política que muitos de nossos políticos eleitos é um atestado do quão nojento e quebrado é nosso sistema político atualmente nos Estados Unidos. Mas estamos tentando consertar isso.

Hogg foi um dos alunos que se destacou no movimento anti-armas iniciado pelos estudantes, que já espalhou em protestos pelo país. Ele começou a entrevistar colegas da escola logo após o tiroteio, para registrar o luto e desespero dos jovens. Desde então, deu entrevistas a vários veículos da imprensa americana e se tornou alvo de outros.

O site "Gateway Pundit", pró-Trump, afirmou que Hogg estava "altamente treinado para suas falas e apenas recitando um roteiro". O jovem teve seu passado vasculhado, e o fato de seus pai trabalhar para o Escritório Federal de Investigações (FBI, na sigla em inglês) foi usado para dizer que o estudante faz parte de uma conspiração contra o atual presidente.

O site "The Daily Wire" chegou a encontrar alunos da Marjory Stoneman Douglas que são a favor do armamento, defendendo que os alunos estão politizando o massacre para falar sobre controle do porte de armas.

ATIVISMO DESPREZADO

Outros colaboradores de sites de direita como Chandler Lasch, do "Federalist", minimizou a relevância do movimento dos estudantes, tirando a credibilidade dos jovens:

"A mídia tende a tratar sobreviventes como Hogg como se fossem especialistas em política. No entanto, passar por uma tragédia não torna ninguém uma fonte de sabedoria sobre legislação", escreveu ele no portal.

Já Ben Shapiro, do "National Review", desdenhou a capacidade dos jovens diante da imaturidade vivida na adolescência. Para ele, tal ativismo deveria ser desconsiderado porque, durante essa fase da vida, "os centros emocionais do cérebro estão superdesenvolvidos em comparação com os centros racionais do cérebro".

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O cineasta e escritor conservador Dinesh D'Souza zombou dos alunos no Twitter: "Que interessante ouvir estudante que não se suportam por um dia nos dando palestras sobre políticas sociais americanas", ironizou.

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