Uma espécie de inseto que os cientistas imaginavam ser composta apenas por fêmeas gerou o seu primeiro macho. O bicho-pau foi encontrado no interior do Reino Unido e teve o gênero confirmado após o sequenciamento de DNA. Desde 1920, quando a espécie neozelandesa foi registrada, a comunidade científica achava apenas fêmeas. A novidade indica que a espécie Acanthoxyla inermis pode estar prestes a iniciar sua vida sexual, segundo cientistas, que suspeitam se tratar de um "mutante".
Cientistas britânicos comunicaram colegas da Universidade de Massey, do país de origem do bicho-pau, sobre a descoberta. Em primeiro momento, os neozelandeses desacreditaram a notícia. O espécime foi visto pela primeira vez em Cornwall, por um estusiasta de insetos que desconfiou da aparência do inseto. O exame do material genético comprovou as suspeitas de David Fenwick: tratava-se de um macho e seria mutente, segundo o "The Guardian".
"Todas as espécies do gênero Acanthoxyla usam a partenogênese para se reproduzir, o que significa que as fêmeas colocam ovos viáveis sem a necessidade de fertilização por um macho. Nenhum macho Acanthoxyla havia sido registrado até agora", explicou ao jornal britÇanico o professor Morgan-Richards, da Escola de Agricultura e Ambiente da Universidade de Massey.
Segundo o professor Steve Trewick, da mesma instituição, outras espécies de bicho-pau da Nova Zelândia estudados em cativeiro mostraram tendência a produzir machos. Ainda não se sabe se a descoberta do "mutante" influirá na população do animal. A questão é saber se o macho Acanthoxyla inermis tem capacidade de produzir esperma e fertilizar fêmeas.
"Há a chance deste evento casual contribuir para as gerações futuras? Esses eventos raros são aqueles que se tornam significantes se a seleção natural age sobre eles", explicou.
Não só o gênero surpreendeu os cientistas, mas também o local da descoberta, que abriga uma pequena população do espécime. Como os cientistas suspeitam que o bicho-pau seja um mutante, é improvável que ele possa se reproduzir.
Os estudos sobre a sua fertilidade não puderam ser concluídos. A criatura, de tamanho menor que as fêmeas, foi abrigada pela coleção do Museu de História Natural de Londres já morto, seco e a 18 mil quilômetros da Nova Zelândia. Ainda assim, já é considerado um avanço na evolução do bicho-pau, a longo prazo, na produção de descendência.
"O que nos interessa é como o sexo pode voltar depois que uma espécie se desfez dele. Não há muita informação nesta área", destacou Trewick.
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