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Funcionários e alunos retornam à escola após massacre na Florida

Funcionários e alunos retornam à escola após massacre na Florida

Aulas serão retomadas na quarta-feira; governador do estado investiga ação policial no ataque

Publicado em 26 de fevereiro de 2018 às 12:29

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Segundo a imprensa americana, antes de morrer, a mãe de Nikolas Cruz tentou impedir que seu filho saísse do controle. (@_IrisAllen | Twitter)

Estudantes e professores retornaram no domingo à escola de Parkland, na Flórida, cenário de um massacre que deixou 17 mortos, com tentativas de consolo e o pedido de medidas enérgicas para acabar com os ataques com armas de fogo. A escola realizou no domingo uma sessão de "orientação". Os funcionários trabalharão nestas segunda-feira e terça-feira para o retorno das aulas na quarta-feira, uma perspectiva considerado "assustadora" e "intimidante".

— Imagina que você estava em um acidente de avião e tem que embarcar no avião todos os dias e ir para algum lugar — afirmou ao programa "This Week" do canal ABC David Hogg, um dos sobreviventes do tiroteio de 14 de fevereiro na escola do Ensino Médio de Parkland, executado por Nikolas Cruz, de 19 anos. — Não posso imaginar, emocionalmente, o que eu e meus colegas vamos passar durante o dia — completou o jovem.

Uma das professoras contou à rádio NPR que o choque de voltar à sala de aula que estava do mesmo jeito do dia do ataque, com os cadernos nas mesas e o calendário ainda marcando 14 de fevereiro, foi tão intenso que ela deixou o local.

Delaney Tarr, outra jovem sobrevivente do massacre, afirmou no domingo, também ao canal Fox, que se prepara para o retorno.

— É assustador, porque não sei se vou estar segura lá. Mas eu sei que tenho que ir — resignou-se.

Vários estudantes da escola pediram nos últimos dias aos políticos americanos que enfrentem a questão da violência armada. Diante das demandas dos estudantes para a adoção de medidas de controle para o porte de armas, o presidente americano, Donald Trump, defendeu na sexta-feira em Washington sua proposta de armar alguns professores, enquanto o governador da Flórida, Rick Scott, anunciou um plano de ação contra os tiroteios nas escolas que inclui a presença de oficiais armados em centros de ensino.

A presidente da Federação Americana de Professores, Randi Weingarten, classificou a proposta de Trump de armar os professores de "uma ideia muito ruim e ponto". Os alunos, seus pais e os professores "querem que as escolas sejam santuários de segurança para o ensino e o aprendizado, não fortalezas armadas", frisou.

Uma pesquisa do canal CNN uma semana depois do tiroteio mostrou uma tendência crescente dos americanos a favor de uma regulamentação rígida sobre a venda de armas e a proibição de armas semiautomáticas como o fuzil AR-15. Um total de 70% dos entrevistados entre 20 e 23 de fevereiro se manifestaram a favor de controles mais estritos da venda de armas, contra 52% em uma pesquisa de outubro, após um massacre em Las Vegas que deixou 58 mortos.

INVESTIGAÇÃO SOBRE REAÇÃO POLICIAL

Em uma entrevista ao programa "Fox News Sunday", o governador Scott, membro da Associação Nacional do Rifle (NRA) — uma das principais organizações pró-armas que apoia o governo Trump —, afirmou que sabe que "provavelmente teremos algumas divergências sobre as propostas. Mas quero que meu estado esteja a salvo".

A porta-voz da NRA, Dana Loesch, disse à rede ABC no domingo que as autoridades locais já haviam sido alertadas em várias ocasiões nos últimos meses do risco que Cruz representava e que o policial que supostamente deveria proteger os alunos não atuou no dia da tragédia.

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Loesch acusou o gabinete do xerife local, Scott Israel, de "descumprimento da responsabilidade" por não ter prendido Cruz antes. Ao ser perguntado sobre essa questão na emissora CNN, o xerife Scott Israel defendeu o trabalho de seus colegas, indicando que, das 23 chamadas que a polícia recebeu sobre o comportamento errático, ou ameaçador de Cruz, quase todas foram tratadas corretamente. Outras foram alvo de uma investigação interna. Diante da pressão, o governo da Flórida abriu uma investigação sobre a resposta das forças de segurança ao ataque na escola.

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