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ONU: Fome ameaça 7 milhões de pessoas no Sudão do Sul

ONU: Fome ameaça 7 milhões de pessoas no Sudão do Sul

FAO, Unicef e WFP pedem apoio para evitar tragédia humanitária no país

Publicado em 26 de fevereiro de 2018 às 16:26

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No início do ano, 5,3 milhões de pessoas já estavam com dificuldades para encontrar alimentos no Sudão do Sul. (Divulgação/UNICEF/Hatcher-Moore)

Considerado o mais jovem país do mundo, reconhecido internacionalmente apenas em 2011, o Sudão do Sul enfrenta uma das piores crises humanitárias do planeta. De acordo as Nações Unidas, mais de 7 milhões de sudaneses do sul, cerca de dois terços da população, estão sob ameaça de sofrer com a fome nos próximos meses, caso a comunidade internacional não forneça apoio suficiente. Segundo as estimativas, 1,3 milhão de crianças podem sofrer com desnutrição aguda. O pior período está previsto para a estação “magra”, entre maio e julho. Estão particularmente em risco 155 mil pessoas, incluindo 29 mil crianças, que podem sofrer dos níveis mais extremos de fome.

O alerta foi dado pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO, na sigla em inglês), pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e pelo Programa Alimentar Mundial (WFP). Em janeiro, 5,3 milhões de pessoas, a metade da população, já estava sofrendo diariamente para encontrar alimentos, classificados como níveis de “crise” ou “emergência” para a insegurança alimentar. Isso representa um aumento de 40% no número de afetados em relação ao mês de janeiro de 2017.

No ano passado, o governo do Sudão do Sul declarou estado de fome em algumas partes no país, e a comunidade internacional respondeu com apoio humanitário que conteve a crise na medida do possível. Nesse ano o cenário se repete no país que enfrenta uma guerra civil que se arrasta desde 2013.

"A situação é extremamente frágil, e estamos perto de ver outra fome", alertou Serge Tissot, representante da FAO no país. "As projeções são resolutas. Se as ignorarmos, enfrentaremos uma tragédia crescente. Se os agricultores receberem apoio para reiniciar suas atividades, veremos uma rápida melhoria da situação de segurança alimentar pelo aumento da produção local".

“Uma tragédia que não pode ser ignorada”, afirmem as agências. O duradouro conflito afetou a produção local de alimentos, o que foi exacerbado pelo colapso econômico do país, que impactou mercados e comércios, que se tornaram incapazes de compensar a queda na produção local. Secas prolongadas e inundações pioraram o cenário. E com poucos recursos, agricultores se tornaram incapazes de combater pragas.

"A situação está se deteriorando a cada ano do conflito, com mais pessoas perdendo o pouco que tinham", disse Adnan Khan, representante do WFP. "Nós estamos alarmados que a estação magra, quando os estoques de alimentos se acabam, está prevista para começar neste ano bem mais cedo que o usual".

As agências estimam que, entre fevereiro e abril, 6,3 milhões de sudaneses do sul estão classificadas nos níveis 3 (crise), 4 (emergência) ou 5 (catástrofe) da Classificação Integrada das Fases da Segurança Alimentar, sendo 50 mil na fase 5. Para o período entre maio e julho, a previsão é que 7,1 milhão de pessoas estejam nestes três níveis, sendo 155 mil na fase de catástrofe, descrita como “a falta completa de alimentos e outras necessidades básicas, quando a fome, a morte e a desnutrição são evidentes”.

E as agências de ajuda humanitária correm contra o tempo. Em abril começa a estação chuvosa, que vai tornar parte da malha rodoviária do país imprestável, isolando comunidades e dificultando ainda mais o acesso a alimentos e medicamentos. No ano passado, FAO, Unicef e WFP e seus parceiros realizaram a maior campanha já realizada, como 135 missões que salvaram a vida de 1,8 milhão de pessoas.

A FAO forneceu sementes e ferramentas para agricultura e kits de pesca para 5 milhões de pessoas, além de ter vacinado mais de 6 milhões de animais para manter as criações saudáveis. O Unicef recebeu 208 mil crianças com desnutrição severa. Para este ano, o WFP pretende fornecer alimentos para 4,4 milhões de pessoas. Já foram posicionados estoques em regiões que devem ficar isoladas durante a temporada de chuvas. O plano é distribuir 140 mil toneladas de alimentos em mais de 50 regiões do país.

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"Sem uma resposta urgente e acesso aqueles que mais necessitam, muitas crianças irão morrer. Nós não podemos permitir que isso aconteça", declarou Mahimbo Mdoe, representante do Unicef.

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