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Aniversário da morte de Stalin é marcado por briga entre comunistas

Aniversário da morte de Stalin é marcado por briga entre comunistas

Divisão entre candidatos na Rússia se acirra às vésperas das eleições presidenciais

Publicado em 8 de março de 2018 às 11:22

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Stalin. (Arquivo Cedoc/AG)

O aniversário de 65 anos da morte de Josef Stalin, segunda-feira, teve a tradicional leva de flores — e duas peregrinações intencionalmente separadas — ao túmulo do ditador soviético, na Praça Vermelha. Os comunistas expuseram sua divisão na eleição do próximo dia 18 separando-se em dois grupos: um liderado pelo secretário-geral do Partido Comunista da Federação Russa, Gennady Zyuganov; e outro conduzido por Maxim Suraikin, candidato à Presidência pelo recém-formado Comunistas da Rússia. Em jogo, está uma batalha simbólica pelo posto de herdeiro de Stalin, mais lembrado por liderar o país na Segunda Guerra — chamada aqui de Grande Guerra Patriótica — do que pelos gulags ou os milhões de mortos na fome com a coletivização forçada nos campos.

Considerado sucessor do partido original, fundado por Vladimir Lenin em 1912, o PC escolheu o empresário Pavel Grudinin como candidato presidencial. Aos 59 anos, ele é o diretor da empresa agrícola Fazenda Estatal Lenin — uma antiga fazenda coletiva privatizada. Nesta semana, a Comissão Eleitoral Central disse ter evidências de que ele manteve US$ 1 milhão em 11 contas na Suíça. O candidato garante tê-las fechado.

Na homenagem a Stalin, o líder do PC defendeu o perfil empresarial de Grudinin e afirmou que o dinheiro na Suíça era usado para tratamento médico de seus parentes. Pouco depois, traçou um perfil empreendedor do líder soviético.

— Hoje, viemos reverenciar o heroísmo de Stalin. Ele pegou um país arrasado e o transformou numa potência única. É preciso aprender com Stalin — disse diante de algumas dezenas de apoiadores.

Mas a trajetória de Grudinin é alvo recorrente de críticas do Comunistas da Rússia, grupo dissidente registrado como partido em 2012. Suraikin, de 38 anos, costuma se definir como “o único candidato comunista”. Enquanto Grudinin não compareceu à Praça Vermelha para levar flores para Stalin, Suraikin fez questão de lembrar que o dia 5 de março marca a morte de outro líder socialista, o presidente venezuelano Hugo Chávez.

‘Ainda não há alternativa a Putin’

O grupo do PC, que apareceu na Praça Vermelha por volta das 11h, fez fila para entrar no Mausoléu de Lenin antes de prestar reverência ao túmulo de Stalin, próximo à muralha do Kremlin. Já o séquito do Comunistas da Rússia, uma fração do tamanho do rival, passou rapidamente pelo local, logo depois. Policiais fecharam um dos lados da praça e controlaram o acesso, garantindo que os grupos não se misturassem.

— Venho lutando ativamente, mas não temos dinheiro. Estamos tentando nos adaptar ao formato e ao tempo da televisão — afirmou Suraikin, ao GLOBO. — O governo tem medo, porque o único programa que deseja a volta do socialismo é o nosso. Os outros oponentes, inclusive o do PC, estão falando em melhorar o capitalismo. Não se pode misturar isso com o comunismo.

Poucas horas depois, Suraikin iria a uma reunião com outros candidatos para estabelecer o formato da participação em debates na TV. No encontro, fez uma crítica indireta a Grudinin, que declarou, dias atrás, que não participará mais de debates “falsos” e desafiou Putin. Enquanto os candidatos comunistas trocam farpas, havia quem simpatizasse com a ideologia sem mostrar preferência por nenhum deles.

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— Ainda não existe uma alternativa ideal a Putin. Ele é quem mais pensa no povo e na pátria — disse o professor cazaque Salavat Azerbayev.

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