Nós vamos queimar até o último judeu. Acenda os fornos, vamos fazer de novo. Estas frases, claramente antissemitas e que reverenciam o Holocausto, são de uma música neonazista disponível para qualquer pessoa pelo YouTube. Uma investigação realizada pela BBC demonstrou que a maior plataforma de vídeos on-line enfrenta dificuldades para combater o discurso de ódio e a incitação à violência no conteúdo publicado pelos internautas. Em comunicado, o YouTube reafirmou a proibição de vídeos que incitem o ódio e disse estar trabalhando duro para remover conteúdos rapidamente, mas admitiu: é preciso fazer mais.
Nós sabemos que existe mais a ser feito e estamos comprometidos a melhorar. Nós estamos fazendo progressos na nossa luta para prevenir a violação dos nossos serviços, incluindo a contratação de mais pessoas e o investimento em tecnologias de inteligência artificial, afirmou a plataforma, após ser questionada pela emissora britânica.
Ao todo, os jornalistas da BBC identificaram 99 vídeos e um canal que violavam as regras do YouTube e, provavelmente, leis locais, já que em muitos países o discurso de ódio é proibido. Além do antissemitismo, foram encontradas músicas glorificando a violência e, frequentemente, clamando pelo assassinato em massa de muçulmanos e outros grupos.
Usando a ferramenta de denúncia da plataforma, os jornalistas alertaram o YouTube. Após a revisão do conteúdo, a plataforma retirou do ar sete dos vídeos, enquanto outros 47 se tornaram indisponíveis no Reino Unido e alguns outros países. O que chamou a atenção foi que, em alguns casos, a mesma música recebeu tratamentos diferentes.
A canção We Fly the Swastika (algo como nós voamos a suástica), com clara devoção ao nazismo, foi encontrada em três vídeos diferentes, que foram denunciados. Dois deles foram suspensos no Reino Unido, enquanto nada aconteceu com o terceiro. Do Brasil, a música pode ser facilmente acessada.
Após os jornalistas se identificarem como sendo da BBC, os links apresentados ao YouTube foram todos removidos ou tornados indisponíveis no Reino Unido. A empresa defendeu que o sistema de denúncia funciona corretamente, mas admitiu que pode ter cometido erros nas análises.
As pessoas têm expectativas que as nossas plataformas de mídias sociais, que nos vendem publicidade o dia inteiro, criem um ambiente mais protegido para seus usuários comentou Oren Segal, diretor do centro sobre extremismo da Liga Antidifamação. E é verdade para os pais, cujos filhos passam horas on-line, que não querem que eles, intencionalmente ou acidentalmente, tenham acesso a esse tipo de ódio.
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