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Psicólogo que criou aplicativo acreditava que sistema era legal

Psicólogo que criou aplicativo acreditava que sistema era legal

Aleksandr Kogan diz que está sendo usado como bode expiatório no escândalo de vazamento de dados

Publicado em 21 de março de 2018 às 11:58

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Logo Facebook. (Divulgação)

O psicólogo que desenvolveu o aplicativo que foi usado pela empresa de análise de dados Cambridge Analytica para obter informações de milhões de usuários do Facebook, que foram utilizados com fins eleitorais, afirmou que acreditava que o mesmo era legal. Aleksandr Kogan, professor de Psicologia da Universidade de Cambridge, disse à BBC nesta quarta-feira que o que ele fez era "perfeitamente legal e ajustado aos termos de serviço".

O pesquisador desenvolveu o aplicativo "This is Your Digital Life" (Esta é sua vida digital), que foi usado para reunir dados de 270.000 usuários do Facebook e também de "amigos" das pessoas que utilizaram o sistema na rede social. De acordo com um ex-funcionário da Cambridge Analytica, a empresa conseguiu informações de 50 milhões de pessoas que acabaram sendo usados para criar um programa destinado a prever e influenciar o voto dos eleitores na eleição dos Estados Unidos e no referendo do Brexit em 2016.

— Minha opinião é que estou sendo usado basicamente como um bode expiatório — se defendeu Kogan, que é acusado de uso ilegal de dados pessoais. — Honestamente, pensava que estávamos agindo de maneira apropriada, acreditava que fazíamos algo normal — disse o psicólogo.

Kogan é nascido na Moldávia e criado na Rússia até os sete anos, quando sua família se mudou para os Estados Unidos, de acordo com dados biográficos citados pelo "Varsity", um jornal de Cambridge.

O escândalo da Cambridge Analytica, cujos diretores acreditavam ter o poder de mudar tendências eleitorais, inclusive com o planejamento de escândalos com prostitutas e subornos para arruinar a reputação de candidatos, arrastou o Facebook, cuja proteção de dados dos usuários passou a ser questionada.

A Cambridge Analytica trabalhou para a campanha vitoriosa do presidente americano Donald Trump e, segundo os líderes do movimento britânico pró-Brexit, também para eles, embora a consultoria negue a atuação no referendo do Reino Unido.

Um dos delatores sobre a atividade ilegal da Cambridge Analytica foi Christopher Wylie, cofundador da empresa. Ele se dispôs a depor à Comissão de Inteligência da Câmara dos Estados Unidos, responsável pela investigação que apura a suposta interferência da Rússia na eleição americana.

— As regras não importam para eles. Isso é uma guerra e tudo é justo — afirmou ele sobre a consultoria. — Eles querem lutar uma guerra cultural nos EUA, e a Cambridge Analytica deveria ser seu arsenal.

CEO DA CAMBRIDGE ANALYTICA DEMITIDO

O presidente da Cambridge Analytica, Alexander Nix, foi demitido, após o vídeo gravado secretamente e divulgado na terça-feira registrá-lo afirmando que a campanha online de sua consultoria com sede em Londres desempenhou um papel decisivo na vitória do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na eleição de 2016.

Os comentários de Nix "não representam os valores ou operações da empresa e sua suspensão reflete a seriedade com que vemos essa violação", disse a Cambridge Analytica em comunicado na terça-feira.

Seus comentários, que não puderam ser verificados, são potencialmente um problema ainda maior para o Facebook à medida que enfrenta o escrutínio de parlamentares nos EUA e Europa sobre o uso indevido da de dados pessoais de usuários. Em 2015, quando "Guardian" revelou que a Cambridge Analytica estava usando informações privadas de usuários da rede social, a empresa constatou o vazamento, sem reconhecê-lo publicamente, e exigiu a destruição dos dados.

Agora, rede social proibiu que Cambridge Analytica e Aleksandr Kogan utilizem a plataforma. O fundador e CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, foi convidado a dar explicações no Parlamento britânico, no Parlamento europeu e no Congresso americano.

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As ações da rede social caíram pelo segundo dia seguido na terça-feira, fechando em queda de 2,5%, a US$ 168,15, com investidores preocupados de que a sua relação com a Cambridge Analytica possa danificar sua reputação, dissuadir anunciantes e abrir espaço para regulações restritivas. A companhia perdeu US$ 60 bilhões de seu valor de mercado ao longo dos últimos dois dias.

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