Milhares de trabalhadores franceses entraram em greve nesta quinta-feira (22) contra as reformas econômicas propostas pelo presidente Emmanuel Macron, que inclui mudanças na legislação trabalhista. Escolas e transporte público pararam e até servidores públicos participaram dos protestos, que passaram de 150 em todo o país. Em Paris, policiais chegaram a usar gás lacrimogêneo para reprimir manifestantes.
Organizadores afirmam que a paralisação atingiu 60% dos trens de alta velocidade, 75% dos trens interurbanos e 30% dos voos entre Paris e outros destinos. Cerca de 13% dos professores também pararam, suspendendo aulas nas escolas.
Os franceses vêm protestando há meses contra as reformas de Macron. Apesar dos protestos, o governo francês promulgou em setembro uma reforma trabalhista no país e prepara agora mais uma leva de mudanças para tornar o mercado de trabalho mais competitivo.
Funcionários públicos participaram dos protestos, em um esforço para alterar os planos do governo de reduzir em até 120 mil o número de servidores até 2022 - recorrendo a demissão voluntária - e de introduzir pagamentos baseados em desempenho por mérito. Trabalhadores do setor ferroviário estão preocupados com a proposta do governo de acabar com garantias de emprego vitalício, reajustes automáticos de salário e generosas alternativas de aposentadoria precoce.
"Descontentamento e preocupações estão se espalhando muito rapidamente", afirmou Jean-Marc Canon, de um dos maiores sindicatos da França, o UGFF-CGT.
"É uma grande bagunça", disse Didier Samba, que perdeu o trem para o trabalho nesta manhã.
PARADOXO
Pesquisas de opinião mostram um paradoxo: a maioria dos eleitores apoia a greve, mas um número ainda maior é a favor das reformas, inclusive o corte no número de trabalhadores públicos e a introdução do pagamento por mérito.
Isso levou o governo a confirmar que seguirá com seus planos, apesar de ficar de olho na repercussão dos protestos: após novas leis trabalhistas em 2017 estão sendo propostas várias mudanças no seguro-desemprego e nos programas de treinamento de trabalhadores.
A atenção aos protestos é ainda maior diante do significado histórico do aniversário de 50 anos das manifestações de maio de 1968 na França.
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