O arcebispo de Adelaide, Philip Wilson, de 67 anos, foi considerado culpado das acusações de encobrir abusos sexuais contra crianças cometidos por um padre, se tornando o mais alto representante da Igreja Católica a ser condenado por tal crime. A previsão é que a sentença seja proferida pela Justiça australiana no próximo mês, e pode chegar a dois anos de prisão.
Eu estou obviamente desapontado com a decisão publicada hoje, afirmou Wilson, em comunicado divulgado para a imprensa, informando que irá consultar seus advogados antes de decidir seus próximos passos.
O arcebispo foi acusado de encobrir abusos cometidos por James Fletcher contra dois menores. De acordo com o processo, Wilson foi informado do caso pelas vítimas em 1976, quando era um assistente paroquial no estado de Nova Gales do Sul. Fletcher foi condenado em 2004 por nove casos de abuso sexual de menores e morreu na prisão dois anos depois, após um derrame cerebral.
Os advogados do arcebispo argumentaram que Wilson não sabia dos crimes de Fletcher, mas segundo a decisão do juiz Robert Stone, da corte local de Newcastle, ao norte de Sydney, em Nova Gales do Sul, a ofensa foi provada. Em depoimento, Peter Creigh, uma das vítimas de Fletcher, deu um testemunho verdadeiro e confiável, apontou o juiz.
Para o promotor Gareth Harrison, Wilson encobriu o caso para proteger a reputação da Igreja, colocando as vítimas em segundo plano. O arcebispo, que sofre de Alzheimer e toma medicação para ajudar na memória, afirmou à corte que não se recordava do que Creigh e outro coroinha haviam lhe contado em 1976. Para o magistrado, não é aceitável que Wilson não se recorde de uma conversa na qual as vítimas, que tinham cerca de 15 anos na época, descreveram como eram abusados por Fletcher.
O tribunal permitiu que o nome de Fletcher fosse revelado por causa de seu testemunho, mas a outra vítima não pode ser identificada por razões legais. Wilson continua em liberdade sob fiança até a definição da sentença, prevista para 9 de junho.
Mesmo com a condenação, Wilson continua no cargo de arcebispo de Adelaide. A Conferência dos Bispos da Austrália se negou a comentar o futuro do sacerdote, já que a escolha para o posto é determinada pelo Vaticano. Wilson serviu como presidente da Conferência dos Bispos entre 2006 e 2012.
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