> >
Trump anuncia que vai retirar os EUA do acordo nuclear com o Irã

Trump anuncia que vai retirar os EUA do acordo nuclear com o Irã

Presidente americano critica ausência de limitação do arsenal bélico iraniano

Publicado em 8 de maio de 2018 às 18:42

Ícone - Tempo de Leitura 0min de leitura
Donald Trump, presidente dos Estados Unidos . (Gage Skidmore | Flickr)

Após uma série de ameaças e duras críticas, o presidente americano Donald Trump anunciou nesta terça-feira (8) que os Estados Unidos vão abandonar o acordo nuclear firmado entre Irã e o Grupo 5+1 (EUA, Rússia, Reino Unido, França, China e Alemanha) em 2015. A saída americana aumenta o risco de conflitos no Oriente Médio, desagrada os aliados europeus dos EUA e provavelmente terá impacto no fornecimento global de petróleo, do qual o Irã é o sexto maior produtor.

O presidente americano chamou o acordo de desastroso e de embaraço para os americanos, afirmando que ele não impediu o Irã de continuar seu programa nuclear.

"O regime iraniano patrocina o terrorismo e exporta mísseis para grupos como Hamas, Hezbollah e al-Qaeda", disse Trump para justificar a sua decisão. "Deixei claro que o acordo deveria ser renegociado ou os EUA não permaneceriam. Está claro para mim que não temos como evitar uma bomba nuclear iraniana com este acordo. Anunciou que os EUA se retiram do acordo nuclear. Vamos restabelecer as sanções econômicas".

Trump tinha até dia 12 de maio para informar ao Congresso americano seu posicionamento sobre o pacto. O histórico acordo teve como objetivo encerrar as pretensões do Irã de desenvolver armas nucleares em troca do fim das sanções econômicas que os países ocidentais aplicavam a Teerã. Desde sua campanha presidencial em 2016, Trump sempre criticou o acordo, firmado por Barack Obama. Ele o considera "desatroso", qualificando o pacto como "o pior acordo da já feito".

Ainda que a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), ligada à ONU, tenha atestado mais de uma vez, ao longo da implementação do pacto, que o governo iraniano está cumprindo a sua parte, o republicano critica o fato de o documento estar circunscrito ao programa nuclear do Irã, sem incluir um corte no equipamento bélico convencional, sobretudo mísseis. Além disso, o americano sustenta que, após o prazo que proíbe a construção de instalações nucleares por 15 anos, o Irã retomará tais projetos.

Na semana passada, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, pediu que Trump abandonasse o acordo, afirmando ter provas de que Teerã não havia abandonado o programa de bombas nucleares. O entorno de Trump na Casa Branca também é majoritariamente contra o acordo.

Os países europeus, contudo, indicam que podem manter o acordo com os iranianos mesmo sem os EUA. O Irã, por sua vez, passou os últimos dias ameaçando os Estados Unidos caso Trump decida pela saída dos americanos do tratado.

A decisão de Trump havia sido informada ao presidente francês, Emmanuel Macron, em uma conversa telefônica, segundo o jornal "The New York Times", mas a Casa Branca e o gabinete de Macron negaram a informação.

Macron esteve em Washington no mês passado na tentativa de convencer Trump a permanecer no acordo. Após o encontro com o republicano, o presidente francês defendeu a implementação de uma reforma do pacto, o que tem sido defendido pelos europeus.

PRESSÃO EUROPEIA

A decisão de Trump já era esperada, e, antes de seu anúncio, a especulação em torno do posicionamento americano gerou uma série de reações na Europa a favor da manutenção do pacto. A União Europeia manifestou seu apoio para que "todas as partes" continuem aplicando o acordo nuclear com o Irã durante uma reunião com o vice-chanceler iraniano.

De acordo com a diplomacia do bloco, a UE aproveita "essa oportunidade para reiterar (a Abas Araghchi) seu apoio à aplicação plena e efetiva do acordo por todas as partes".

Uma fonte do Ministério das Relações Exteriores da Alemanha disse que era importante manter as conversas nos próximos dias, para evitar uma "escalda descontrolada" depois do anúncio de Trump sobre sua decisão. A reunião de Bruxelas foi parte de um "trabalho intensivo" para tentar manter o acordo nuclear de 2015, que suspendeu as sanções em troca do compromisso do Irã de encerrar seu programa nuclear, inclusive se os Estados Unidos abandonarem o acordo, disse a fonte alemã.

Este vídeo pode te interessar

"Durante semanas, estivemos em estreito contato com parceiros dos três países em particular, desde o nível de mesas de trabalho até o dos ministros das Relações Exteriores", disse a fonte alemã.

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais