Mais um capítulo polêmico da acusação de discriminação contra a Universidade Harvard se desenrolou nesta sexta-feira (15). Uma análise de mais de 160 mil registros de candidatos que postularam uma vaga na instituição entre 2000 e 2015 mostrou que ásio-americanos receberam notas mais baixas que outros em aspectos como "personalidade positiva", simpatia, coragem, gentileza, ser "amplamente respeitado", entre outras características socioemocionais. A medida teria reduzido significativamente a chance desses estudantes de ingressarem na instituição, ainda que tivessem as notas mais altas nos testes e nas atividades extracurriculares.
A análise foi encomendada pelo grupo de estudantes que, em 2014, acusou a instituição de discriminar asiáticos. De acordo com os candidatos, que tiveram o acesso negado pela universidade naquele ano, Harvard privilegia em suas admissões alunos negros, latinos e brancos em detrimento dos asiáticos "melhores qualificados". A acusação deve ter seu desfecho em um julgamento no mês de setembro.
Além da análise dos registros, o grupo chamado "Estudantes por admissões justas" (SFFA, na sigla em inglês) também mostrou que Harvard realizou uma investigação interna sobre sua política de admissão em 2013 e encontrou um viés anti-asiático na seleção. Apesar disso, a instituição manteve o silêncio e sequer mudou de postura em relação ao processo seletivo.
"EQUILÍBRIO RACIAL"
Nesse estudo de 2013, Harvard teria constatado que admita alunos asiáticos em um ritmo menor que estudantes brancos. A SFFA acusa a instituição de limitar a quantidade de asiáticos que recebe a cada ano e de praticar um "equilíbrio racial", violando a legislação.
Naquele ano, Harvard admitiu 19% de estudantes de origem asiática, mas sem os critérios "raciais" teriam sido 26%. Caso a universidade levasse em conta apenas os critérios acadêmicos, teria admitido 43%, de acordo com a demanda.
"Os dados públicos mostram que Harvard limitou de propósito a porcentagem de novos estudantes ásio-americanos", disse Edward Blum, diretor do Projeto sobre Representação Justa, um fundo de ajuda leval que luta contra classificações étnicas e raciais.
Segundo Blum, que recorda a discriminação de Harvard contra os judeus na década de 1920, essa instituição admite hoje menos ásio-americanos que há 20 anos, ainda que a quantidade dos que aplicam à universidade tenha quase dobrado.
A universidade afirmou, nesta sexta (15), que os dados são incorretos e que "não discrimina postulantes de nenhum grupo, incluindo asiáticos-americanos, cuja taxa de admissão cresceu 29% na última década." Harvard argumenta que continuará defendendo o próprio direito de buscar os "benefícios educacionais que surgem de uma classe diversa em múltiplas dimensões".
Em 2016, a Corte Suprema confirmou a legitimidade da seleção oferta pela universidade, que permite ajudar os estudantes de minorias étnicas.
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