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Entenda os riscos do resgate do time de futebol em caverna na Tailândia

Entenda os riscos do resgate do time de futebol em caverna na Tailândia

Autoridades cogitam travessia por mergulho, mas inexperiência das vítimas na prática pode ser fatal

Publicado em 3 de julho de 2018 às 15:30

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Meninos e treinador em caverna na Tailândia. (Reprodução)

A tensão ainda não acabou. Ainda que tenham encontrado o time de futebol amador formado por 12 crianças e um treinador, presos há dez dias no complexo de cavernas Tham Luang, inundado pela chuva no Norte da Tailândia, as autoridades avaliam várias opções para resgatá-los. Uma das estratégias cogitadas é fazer uma travessia com equipamentos de mergulho e auxílio de mergulhadores profissionais, mas os riscos são muito altos.

De acordo com as autoridades envolvidas no resgate, se esta for a opção, lidar com mergulhadores sem experiência alguma pode ser fatal diante das condições. Mergulho em cavernas é uma tarefa técnica muito específica, e exige treinamento adequado anterior à prática.

— Existe um teto em todo momento, não é possível ter acesso direto à superfície — explica Daniel Fernandes, instrutor de mergulho e dono da certificadora Diving College, em São Paulo. — O recomendado é ter por volta de 50 mergulhos em água aberta, ainda que algumas certificadoras permitam menos, depende da experiência do mergulhador.

Entre outras exigências, Fernandes diz que é preciso, no mínimo, ter passado por um curso de mergulhador avançado. Ele afirma que, no caso do resgate na Tailândia, é preciso instalar um cabo para auxiliar os mergulhadores no trajeto. A equipe de regaste já está providenciando o item, essencial para guiar o mergulho em cavernas, de acordo com as autoridades locais.

O brasileiro mergulha em cavernas desde 1996, e diz que é essencial ter controle da flutuabilidade na água, o que muitas vezes depende do psicológico:

— Será necessário garantir que, sem enxegar, a crianças consigam respirar, sem se desesperar. É um desafio muito grande. Além de depender da experiência dos mergulhadores, dependem de um autocontrole absurdo das crianças — avalia.

QUATRO QUILÔMETROS ATÉ A SAÍDA

A equipe internacional mobilizada para o resgate conta 1 mil profissionais, entre médicos, soldados e mergulhadores de vários países. Caso o mergulho seja adotado, as crianças terão de percorrer cerca de 4 quilômetros — distância do local que foram encontrados até a saída da caverna Um mergulhador veterano leva seis horas para percorrer essa distância, indicaram as equipes de resgate.

De acordo com os socorristas na Tailândia, há trechos muito apertados onde pode ser necessário tirar o equipamento, avançar, e depois colocá-lo novamente, o que dificulta ainda mais a travessia. Fernandes destaca que a visibilidade é um dos fatores de maior risco nesse caso:

— A visibilidade é um grande desafio no caso da Tailândia. Como o lugar alagou, o volume de água muito grande carrega todo o sedimento do fundo da caverna. Fazendo uma analogia, é como se estivessem mergulhando em um copo de café com leite. É um perigo muito grande — afirma, destacando que as condições não são fáceis: — O uso de roupas apropridadas pode ser indispensável devido à temperatura da água, que deve ser em torno de 20°C ou menos.

OUTRAS ALTERNATIVAS

Ainda que as crianças tenham se mostrado mentalmente estáveis, conforme vídeo divulgado pela Marinha da Tailândia, um resgate imediato é improvável, pois as vítimas estavam há muitos dias sem comer. Médicos-mergulhadores já conseguiram levar alimentos de fácil digestão, mas ainda é preciso reestabelecer progressivamente as forças dos 13 rapazes.

As equipes de emergência estudam outras saídas na caverna. Nos últimos dias, a floresta foi desmatada perto de um poço vertical para permitir o pouso de helicópteros em vista de uma possível retirada por via aérea. Mas, por enquanto, não foi provado que um desses poços esteja ligado ao trecho da caverna onde estão as crianças.

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Outra possibilidade é garantir que o grupo esteja em um local seguro mesmo se o nível da água voltar a subir, já que começa em julho a temporada de chuvas na Tailândia, que se estende até novembro. Se assim for, as autoridades avaliam enviar comida e mantimentos suficientes até a normalização das condições da caverna.

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