Um juiz federal de Chicago determinou que o governo americano deverá reunir duas crianças brasileiras separadas dos pais em até 72 horas. O prazo começou a contar na última segunda-feira, 9, mas veículos de imprensa locais informam que não há garantias que o encontro irá acontecer. Os meninos foram encaminhados para abrigos em Chicago, no centro-oeste do país, após os pais serem detidos no Novo México, estado fronteiriço entre os Estados Unidos e o México a quase dois mil quilômetros de distância.
Nos autos, o juiz federal Edmong Chang disse que a "insistência" do governo em manter os pais separados das crianças era "chocante" e que os meninos estavam sofrendo "danos mentais irreparáveis". O magistrado afirmou que o Departamento de Justiça dos Estados Unidos falhou em explicar "qual objetivo tentam alcançar mantendo as crianças longe dos pais". Advogados retornam à corte nesta quarta-feira, 11, para apresentar recursos contra a decisão.
Segundo o jornal local Chicago Sun-Times, os meninos brasileiros tem 9 e 16 anos e foram encaminhados para abrigos da Heartland Alliance, em Chicago, após os pais serem detidos em maio no Novo México. O pai do adolescente de 16 anos afirmou às autoridades americanas que fugia do Brasil com o filho após receber ameaças de morte de traficantes de drogas. O pai da outra criança, de 9 anos, disse que ter uma dívida de US$ 8 mil (aproximadamente R$30 mil) com um agropecuário brasileiro supostamente envolvido com tráfico de pessoas. Apesar da vitória judicial, o jornal diz que ainda é incerto se, de fato, haverá a reunificação.
A reportagem descreve que ambas famílias brasileiras tentaram entrar no país pelos portões da fronteira, mas tiveram o pedido de entrada negado. Em seguida, o grupo tentou atravessar a fronteira ilegalmente, mas foram detidos por policias. Os pais confessaram o crime e foram condenados a cumprir pena antes de seguir para custódia da imigração.
O próprio juiz Chang disse, na decisão judicial, que os brasileiros cumpriram pena "apesar de não terem sido condenados formalmente por nenhum crime". O magistrado relatou que uma das crianças, durante ligação para o pai, disse acreditar que nunca mais ficariam juntos de novo.
Em entrevista ao Chicago Sun-Times, a advogada Amy Maldonado, que representa as crianças na ação contra o governo, afirmou que a ordem determinada pela justiça abre três opções ao governo: deportar os pais e os meninos imediatamente, colocá-los juntos em um centro de detenção familiar ou liberá-los para aguardar o processo do pedido de asilo em liberdade. A advogada diz que as famílias buscam a última opção.
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