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Ex-presidente José Mujica renuncia ao Senado do Uruguai

Ex-presidente José Mujica renuncia ao Senado do Uruguai

Aos 83 anos, ex-presidente esquerdista diz que seguirá na militância popular

Publicado em 14 de agosto de 2018 às 18:16

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O ex-presidente do Uruguai José Mujica. (Jorge Melo | RPC)

O ex-presidente uruguaio José Mujica renunciou nesta terça-feira (14) ao seu cargo no Senado do país. Numa carta endereçada a sua esposa, atual vice-presidente do Uruguai e também presidente do Senado, Lucía Topolansky, Mujica diz que os motivos de sua renúncia são "pessoais".

"Eu diria que estou cansado da longa viagem", escreveu Mujica na carta. O ex-presidente não compareceu ao Senado. Mujica diz ainda que abrirá mão de seu salário como senador, pois a renúncia é "voluntária" e a legislação uruguaia assim reza. "Vou me refugiar na aposentadoria".

Entretanto, isso não significa que o ex-presidente se afastará da cena política. "Enquanto minha mente funcionar, não posso renunciar à solidariedade e à luta de ideias."

EX-MINISTRO SUBSTITUIRÁ EX-PRESIDENTE

O lugar de Mujica, que em 2014 foi eleito senador em primeiro lugar na lista do partido Movimento de Participação Popular (MPP), será ocupado agora por seu suplente Andrés Berterreche, engenheiro agrônomo e ex-ministro da Agricultura, Pecuária e Pesca.

Segundo o "El Pais", a renúncia do ex-presidente fazia parte de um plano para renovar os quadros políticos do MPP na atual legislatura. Antes de Mujica, em dezembro de 2016 renunciou o senador Ernesto Agazzi, assumindo em seu lugar o subsecretário de Pesca Daniel Garín. Estava previsto que Mujica deixaria o Senado antes mesmo que Agazzi, em abril daquele ano, mas a decisão foi sendo adiada até agora.

COLEGAS SAÚDAM TRAJETÓRIA

"Temos que reconhecer que vamos perder um companheiro excepcional", discursou a senadora do Partido Socialista (FA) Mónica Xavier. - É um ser humano extraordinário, que há meio século empunhou armas, levado por essa luta pela solidariedade e pelas ideias com a qual hoje segue justificando seus atos; mas que meio século depois ia de moto à Câmara dos Deputados, junto com sua companheira da vida toda.

Para Mónica, Mujica teve "uma trajetória que dificilmente encontraremos em outra personalidade política de nosso país". "Há aspectos que podem ser polêmicos, mas o imenso respaldo popular é sem dúvida algo que caracteriza a trajetória político-institucional de Pepe (como Mujica é conhecido). A militância o fará voltar".

Já Leonardo de Léon, senador pelo partido Lista 711, comentou que o ex-presidente "está dando um passo que lhe permitirá rejuvenescer e se reencontrar com seus eleitores. "Enquanto estamos aqui, Pepe está desfrutando de sua chácara, mas com certeza se prepara para o que vier", afirmou.

No Twitter, o senador Charles Carrera, do MPP, se despediu de Mujica escrevendo que "cada um é filho de seu tempo, mas há pessoas que transcendem sua época".

Por sua vez, Juan Castillo, senador do Partido Comunista, se disse feliz com a decisão de Mujica de "sair para fazer política fora daqui". "Triste seria alguém ficar aqui contra sua vontade". Até a oposição homenageou o ex-presidente, agora também ex-senador. "Sempre tivemos e teremos enormes diferenças políticas com Mujica", admitiu Pablo Mieres, do Partido Independente. "Mas existem momentos em que é preciso fazer um breve parêntese na luta para saudar o nosso adversário. Essa capacidade de saudar, de dialogar, são coisas que se destacam em nosso sistema político, e devem continuar a caracterizá-lo".

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A renúncia de Mujica foi aprovada por unanimidade, e Berterreche foi convocado para ocupar o lugar do ex-presidente.

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