> >
Rússia prepara retaliação contra novas sanções anunciadas por Washington

Rússia prepara retaliação contra novas sanções anunciadas por Washington

Medidas impostas pelos EUA são resposta ao ataque com o agente nervoso Novichok a ex-espião russo no Reino Unido

Publicado em 9 de agosto de 2018 às 14:49

Ícone - Tempo de Leitura 0min de leitura
Donald Trump e Vladimir Putin. (Divulgação)

O Kremlin afirmou nesta quinta-feira que são "absolutamente inaceitáveis" e "ilegais" as novas sanções econômicas impostas ao país pelos Estados Unidos, e avisou que vai revidar. A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, disse que Moscou já trabalha em medidas retalliatórias contra Washington. Os Estados Unidos anunciaram as sanções na quarta-feira depois de responsabilizar Moscou pelo ataque com a substância venenosa Novitchok, ocorrido em março no Reino Unido.

O Departamento de Estado explicou em comunicado que as sanções à Rússia são uma resposta ao "uso do agente nervoso Novichok numa tentativa de assassinar o cidadão do Reino Unido Serguei Skripal", ex-espião russo, e sua filha, Yulia. Mas Zakharova afirmou a repórteres que nenhuma prova foi apresentada contra a Rússia, e que o pretexto para as novas sanções não passava de uma invenção dos americanos.

Skripal, um ex-coronel da inteligência militar russa que traiu dezenas de agentes do serviço britânico de espionagem MI6, e sua filha Yulia foram encontrados inconscientes, após serem expostos do veneno, em um banco público na cidade britânica de Salisbury, em 4 de março passado. Internados em estado grave, ambos se recuperaram.

"Consideramos absolutamente inaceitável o anúncio de novas restrições em relação ao caso de Salisbury, e também as consideramos ilegais", disse à imprensa o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, chamando Washington de "parceiro imprevisível". Peskov ambém negou, mais uma vez, qualquer responsabilidade no envenenamento de Skripal e Yulia.

A porta-voz do Departamento de Estado, Heather Nauert, disse que havia sido determinado pelo governo americano que a Rússia “usou armas químicas ou biológicas em violação à lei internacional, ou usou armas letais químicas ou biológicas contra seus próprios cidadãos”.

As sanções vão entrar em vigor após um período de notificação do Congresso de 15 dias, disse Nauert.

As novas restrições aos russos vão limitar a (já restrita) exportação pelos EUA de produtos de segurança nacional, disse uma alta autoridade do Departamento de Estado em teleconferência.

Haverá, no entanto, exceções para atividades de voo espacial e áreas envolvendo segurança de aviação comercial de passageiros, que serão permitidas com base em casos individuais, acrescentou a fonte.

A autoridade disse que uma segunda leva de sanções “mais draconianas” será imposta daqui a três meses, a não ser que a Rússia dê “garantias confiáveis” de que não irá mais usar armas químicas e que permitirá inspeções da Organização das Nações Unidas em instalações.

Autoridades do governo americano ouvidas pela NBC disseram que a segunda leva de sanções poderá até incluir uma queda no nível das relações diplomáticas entre os dois países, além de proibir a empresa área russa Aeroflot de operar nos EUA. Todas as exportações e importações entre as duas nações também seriam suspensas.

WASHINGTON SOB PRESSÃO COM INVESTIGAÇÃO

Menos de um mês após a cúpula de Helsinque entre Donald Trump e Vladimir Putin, ambos os países parecem ter voltado à confrontação. Mas Washington decidiu agir depois que a comunidade de Inteligência americana determinou que a Rússia tentou ajudar Trump a vencer as eleições presidenciais.

O anúncio de novas sanções reforçaria a afirmação de Trump de que o governo está adotando uma posição dura com relação a Moscou, apesar de o presidente ter denunciado a investigação do procurador especial Robert Mueller sobre a trama russa como uma "caça às bruxas", que deveria parar de imediato.

Este vídeo pode te interessar

Em março, o Tesouro americano já tinha sancionado 19 cidadãos russos e cinco entidades por interferências nas eleições dos Estados Unidos em 2016, os atos mais duros contra Moscou desde que o presidente Donald Trump assumiu o cargo.

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais