O procurador-geral da Arábia Saudita declarou nesta quinta-feira que, segundo informações apresentadas pela Turquia , os suspeitos acusados pelo assassinato do jornalista Jamal Khashoggi cometeram um ato "premeditado", informou a imprensa oficial saudita.
Esta versão é mais uma mudança nos relatos oficiais de Riad, que, desde o desaparecimento do dissidente saudita e colunista do Washington Post em 2 de outubro, já apresentou diversas narrativas contraditórias.
Se a princípio negava que Khashoggi tivesse morrido, o Reino em seguida passou a admitir o óbito, atribuindo-o, no entanto, a uma operação clandestina e a um acidente.
As informações passadas por Riad enfrentam um forte descrédito internacional e muitos analistas entendem que dificilmente uma missão da envergadura do assassinato de um jornalista no exterior aconteceria sem anuência do príncipe herdeiro Mohammed bin Salman (MBS).
RETROSPECTIVA DE COMO ARÁBIA MUDOU A VERSÃO
3 DE OUTUBRO
Jamal Khashoggi foi declarado desaparecido no dia 2 de outubro, horas depois de entrar no consulado saudita em Istambul, onde fora buscar documentos para se casar com a sua noiva turca. As autoridades turcas, a princípio, declararam que ele ainda estava no consulado. De acordo com um funcionário saudita que não quis se identificar, "ele não estava no consulado ou sob custódia saudita". Procurado sobre o assunto, o consulado da Arábia Saudita em Istambul disse que só faria comentários se achasse necessário.
5 DE OUTUBRO
A Arábia Saudita disse que, embora detivesse as premissas do território soberano, permitiria que agentes turcos entrassem e vasculhassem o consulado. Em uma entrevista à Bloomberg, o príncipe Salman afirma que Khashoggi deixou o prédio do consulado pouco tempo depois de entrar. Perguntado se o jornalista enfrenta acusações na Arábia Saudita, ele esquivou-se e disse que era importante primeiro descobrir o seu paradeiro:
"Se ele estivesse na Arábia Saudita, eu saberia disso", afirmou.
8 DE OUTUBRO
O irmão de MBS e embaixador saudita em Washington, príncipe Khaled bin Salman, publicou uma carta na qual diz que os relatos sobre a morte de Khashoggi são completamente falsos e sem fundamental. Jamal é um cidadão saudita que desapareceu depois de sair do consulado, escreveu. Depois das autoridades turcas e da imprensa terem obtido permissão para inspecionar o prédio do consulado integralmente, as acusações mudaram para a revoltante afirmação de que ele foi assassinado, no consulado, durante o horário de expediente, e com dezenas de funcionários e de visitantes no prédio. Ele ainda afirmou: eu não sei quem está por trás dessas afirmações ou intenções, e também não me importo, francamente.
15 DE OUTUBRO
Trump e o rei Salman falam no telefone e o presidente americano diz à imprensa que o saudita nega qualquer relação com o desaparecimento de Salman. Trump descreve a negação do rei como muito, muito forte. Trump afirma à imprensa que o crime "talvez tenha sido obra de assassinos fora de controle. Quem sabe?.
20 DE OUTUBRO
Sob intensa pressão internacional, a Arábia Saudita confirmou a morte de Khashoggi, em uma suposta briga. Segundo um comunicado, o colunista do Washington Post teve um enfrentamento físico com as pessoas que se reuniam no consulado do reino em Istambul, o que levou à sua morte. Não foram oferecidos mais detalhes. Dezoito sauditas, segundo Riad, foram presos; o vice-chefe da Inteligência, demitido.
Mais tarde, um segundo comunicado afirmava a ocorrência de uma briga e uma discussão entre o jornalista e algumas pessoas no consulado, o que teria levado à sua morte e à tentativa de ocultá-la.
21 DE OUTUBRO
O ministro das Relações Exteriores saudita, Adel al-Jubeir, pela primeira se referiu à morte de Khashoggi como um assassinato.
"Estamos determinados a esclarecer todos os fatos e determinados a punir aqueles responsáveis por este assassinato", afirmou, em entrevista à Fox News. Os indivíduos que fizeram isso, agiram fora do alcance de seu autoridade.
Ele acrescentou ainda que nem sequer a liderança mais alta do serviço de inteligência saudita estava a par da operação, a definindo como uma operação clandestina.
"Houve evidentemente um grande erro, e a tentativa de esconder o erro acabou por agravá-lo".
25 DE OUTUBRO
O procurador-geral da Arábia Saudita declarou nesta quinta-feira que, segundo as informações apresentadas pela Turquia, os suspeitos acusados pelo assassinato do jornalista Jamal Khashoggi cometeram um ato "premeditado", informa a imprensa estatal de Riad.
Segundo o procurador, a investigação continua.
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