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Eleitores levam número recorde de mulheres ao Congresso dos EUA

Eleitores levam número recorde de mulheres ao Congresso dos EUA

Cerca de cem candidatas devem garantir vaga na Câmara

Publicado em 7 de novembro de 2018 às 13:42

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Congresso Americano. (Fotos Públicas)

As eleições legislativas dos Estados Unidos marcaram um recorde no número de mulheres eleitas para o Congresso. Cerca de cem candidatas terão assentos na Câmara dos Representes, segundo as projeções da imprensa com base nos resultados do pleito. Até esta terça-feira, elas detinham 84 cadeiras da Casa. Segundo a "ABC News", o pleito também foi histórico para as candidatas de primeira viagem - algumas conseguiram conquistar cadeiras das mãos dos republicanos e ajudaram os democratas a retomar a maioria na Câmara. A vitória de mulheres ainda incrementou a diversidade no Legislativo americano, com as primeiras representantes muçulmanas e indígenas.

A rede americana "CNN", que estimou a vitória de pelo menos 96 mulheres para a Câmara, projeta que cerca de um terço deste número deve ficar com candidatas que concorreram pela primeira vez. Já a "ABC News" destaca que 101 candidatas devem ser eleitas - 86 democratas e 15 republicanas. Até esta terça-feira, o patamar de representação feminina nos EUA era inferior a de todas as nações europeias e menor que em muitos países latinos (México, incluído) e muçulmanos (como a Arábia Saudita e Emirados Árabes).

Em sintonia com o recorde de mulheres eleitas, o pleito teve o maior número de candidatas a vagas na Câmara e no Senado. Foram 257 postulantes a cargos legislativos (contra 167 em 2017) - entre elas, 23 para o Senado, que renovou 35 de suas cadeiras. O recorde pertencia a 2012, quando 18 concorreram à Casa. Até esta terça-feira, elas detinham 23 vagas nesta esfera legislativa. As projeções indicam que 12 devem ser eleitas para o Senado - mas boa parte delas era candidata à reeleição.

Grupo historicamente atuante nas eleições, as mulheres tiverma o voto incentivado por pelo menos três grandes questões nacionais: o movimento #Metoo contra o assédio, a visão de que o governo Trump é machista e o número recorde de mulheres candidatas em todo o país. A recente aprovação do nome de Brett Kavanaugh, indicado pelo presidente para a Suprema Corte mesmo acusado de assédio sexual, ajudou ainda mais no engajamento feminino.

As mulheres representaram em 2018 29% dos concorrentes à Câmara e 32%, ao Senado. Em 1998, foram 131 candidatas no total, e em 1948, apenas 48. Nos estados, seis mulheres servem como governadoras, enquanto dez candidatas disputavam Executivos estaduais nesta terça-feira. O recorde foi de nove políticas à frente dos estados, em 2004.

Os americanos elegeram nesta terça-feira as duas primeiras deputadas federais muçulmanas, ambas democratas. Ilhan Omar representará o estado de Minnesota e Rashida Tlaib, Michigan. Omar, de origem somali, chegou aos Estados Unidos há duas décadas como refugiada e também é a primeira representante federal negra do estado de Minnesota. Ela vai ocupar a cadeira que era do republicano Keith Ellison, o primeiro muçulmano eleito para o Congresso, que decidiu concorrer para a Advocacia-Geral de Minnesota este ano. Já Tlaib vai ocupar a cadeira antes ocupada pelo democrata John Conyers, que deixou o cargo no ano passado em meio a denúncias de assédio sexual. Ambas tiveram mais de 70% dos votos em seus distritos (no sistema eleitoral americano, cada uma das 435 cadeiras da Câmara corresponde a um distrito).

Uma das estrelas que emergiram neste ano na política americana, Alexandria Ocasio-Cortez, da ala esquerda do Partido Democrata e de origem porto-riquenha, venceu no 14º distrito de Nova York. Alexandria pertence aos Socialistas Democráticos, agrupamento inspirado na social-democracia europeia que defende saúde e educação públicas e gratuitas e o fim da polícia de fronteiras. Alexandria e outra democrata, Abby Finkenauer, eleita por Iowa, se tornaram as mais jovens deputadas eleitas no país — ambas têm 29 anos.

Os americanos também elegeram Sharice Davids e Debra Haaland. Ambas serão as primeiras congressistas americanas de origem indígena. Davids, membro da Nação Ho-Chunk, também seria o primeiro membro LGBTQ do Congresso eleito pelo estado do Kansas. Haaland é democrata do Novo México e membro da tribo Pueblo of Laguna.

Os eleitores do Texas escolheram, pela primeira vez, duas mulheres hispânicas para a Câmara. Veronica Escobar, por exemplo, tomou a cadeira do distrito de El Paso de Beto O'Rourke, que não se elegeu ao Senado.

A republicana Marsha Blackburn será a primeira representante mulher do Tennessee no estado após vencer o ex-governador democrata Phil Bredesen. A conservadora atuava na Câmara dos Representantes desde 2003 e apostou em seu vínculo com o presidente Donald Trump para impulsionar a campanha. O chefe da Casa Branca esteve no estado três vezes durante a corrida eleitoral.

No Arizona, embora não haja definição da disputa, é certo que haverá a primeira senadora mulher. A democrata Kyrsten Sinema enfrenta a republicana Martha McSally pelo cargo que pertencia ao republicano Jeff Flake. Ele decidiu não se lançar à reeleição este ano.

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A republicana Kristi Noem será a primeira governadora de South Dakota depois de derrotar o democrata Billie Sutton. Por outro lado, a democrata Christine Hallquist foi derrotada na disputa pelo governo de Vermont. Se vencesse, seria a primeira governadora transgênero do país.

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