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Juiz manda devolver credencial de jornalista que discutiu com Trump

Juiz manda devolver credencial de jornalista que discutiu com Trump

Decisão é temporária; correspondente-chefe da rede americana havia sido banido da sede do governo após embate em coletiva

Publicado em 16 de novembro de 2018 às 18:37

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Uma estagiária da Casa Branca tenta tirar o microfone do repórter da CNN Jim Acosta, enquanto ele faz uma pergunta ao presidente Trump e ouve uma réplica inflamada. (Reprodução/YouTube)

O juiz federal Timothy J. Kelly concedeu ordem temporária em favor da CNN e ordenou que a Casa Branca devolta a credencial do correspondente-chefe da emissora, Jim Acosta. O jornalista havia sido banido de trabalhar na sede do governo depois de discutir com o presidente Donald Trump durante uma entrevista coletiva.

A ação da CNN, protocolada no começo da semana contra a sanção ao jornalista, alega que a decisão da Casa Branca viola os direitos de Acosta previstos na Primeira e na Quinta Emendas da Constituição do país. Kelly não deliberou definitivamente sobre o caso, mas acolheu o pedido da CNN por uma temporária readmissão do passe do profissional, que poderá circular pelo local sem restrições.

Segundo a "CNN", que celebrou a "vitória inicial" no processo, o juiz disse considerar que o pleito do jornalista deve prevalecer na decisão final. Kelly avaliou que a Casa Branca não concedeu a Acosta o devido processo legal para revogar sua credencial. O magistrado deixou em aberto, no entanto, a possibilidade de Washington vetar o profissional se realizar tal processo conforme o devido processo. A rede agora pede um "alívio permanente", isto é, que o juiz declare o veto inconstitucional.

No processo, a Casa Branca reforça que Acosta deve ser cortado da imprensa no local por ter sido muito agressivo na entrevista coletiva. Mercedes Schlapp, representante da comunicação presidencial, destacou que tais entrevistas têm "certo decoro", e Acosta o teria quebrado com o que chamou de "mau comportamento".

Há quase dois anos no cargo, o presidente republicano consistentemente intensificou suas críticas à mídia e a CNN é um de seus alvos mais frequentes. Na semana passada, Trump se enfureceu quando Acosta o questionou sobre a caravana de migrantes da América Central e sobre a interferência russa nas eleições de 2016.

O presidente passou a discutir com o repórter ao ser questionado se sua retórica durante a campanha havia "demonizado" imigrantes. Na corrida eleitoral, o republicano comparou os migrantes a um assassino confesso de policiais e chegou a dizer - antes de voltar atrás - que os soldados disparariam contra "invasores".

"Já basta, já basta", disse Trump, enquanto uma estagiária da Casa Branca tentava tirar o microfone de Acosta. "Você é uma pessoa rude e horrível".

Na sequência, a secretária de Imprensa da Casa Branca, Sarah Sanders, divulgou comunicado em que anunciava o veto ao jornalista por "pôr as mãos" em uma estagiária, sugerindo uma agressão por parte do repórter. "Isto é uma mentira", rebateu Acosta, na ocasião.

O vídeo do embate entre os dois mostra que a estagiária, a pedido de Trump, tentou pegar o microfone da mão direita do profissional, e ele, para impedi-la, escorou o braço dela com a mão esquerda e pediu desculpas. "Com licença, senhora", disse ao reter o objeto.

Ao acionar a Justiça contra o ato da Casa Branca, a CNN justificou que, "enquanto o processo é específico à CNN e a Acosta, isto poderia ter acontecido com qualquer um".

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"Se não fossem questionadas, as ações da Casa Branca poderiam criar um perigoso efeito de intimidação para qualquer jornalista que cobre nossas autoridades eleitas", argumentou a rede de televisão.

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