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Mudanças climáticas podem comprometer 10% do PIB dos EUA, diz relatório

Mudanças climáticas podem comprometer 10% do PIB dos EUA, diz relatório

Documento que analisou perspetctivas até o fim do século choca-se com políticas de Trump

Publicado em 24 de novembro de 2018 às 20:33

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Casas ficam submersas após passagem de furacão Harvey em Houston, Texas: relatório climático encomendado por Congresso americano alerta para danos econômicos sem precedentes até o fim do século. (Fotos Públicas)

As mudanças climáticas custarão à economia dos EUA centenas de bilhões de dólares até o fim do século, atingindo todas as áreas violentamente e podendo comprometer até 10% do PIB americano, de acordo com um relatório governamental divulgado na sexta-feira que a gestão do presidente Donald Trump considera impreciso.

O documento, encomendado pelo Congresso dos EUA e escrito com a ajuda de mais de uma dúzia de agências e departamentos do governo dos americano alertou para o impacto projetado do aquecimento global em todos os níveis da sociedade americana, o que vai de encontro à política pró-combustíveis fósseis do presidente Trump.

"Com o crescimento contínuo das emissões a taxas históricas, projeta-se que as perdas anuais em alguns setores econômicos atinjam centenas de bilhões de dólares até o final do século, mais do que o produto interno bruto atual de muitos estados dos EUA", afirmava o documento oficialmente chamado de Quarto Volume Nacional de Avaliação do Clima, volume II.

O aquecimento global prejudicaria desproporcionalmente os pobres, prejudicaria a saúde humana, danificaria a infraestrutura geral, limitaria a disponibilidade de água, alteraria o litoral e aumentaria os custos das indústrias, desde a agricultura até a pesca e produção de energia, segundo o relatório. O documento, no entanto, destaca que as projeções de novos danos podem mudar se as emissões de gases de efeito estufa forem drasticamente reduzidas, embora muitos dos impactos da mudança climática - incluindo tempestades, secas e enchentes mais frequentes e mais poderosas - já estejam em andamento.

Os resultados colidem com a política de Trump, que vem revertendo as proteções ambientais e climáticas da era Obama para maximizar a produção de combustíveis fósseis domésticos, incluindo o petróleo bruto. A porta-voz da Casa Branca, Lindsay Walters, afirmou que o novo relatório foi feito com tendências ultrapassadas.

"Foi feito muito baseado no cenário mais extremo, que contradiz as tendências estabelecidas há muito tempo, assumindo que haveria tecnologia e inovação limitadas e uma população em rápida expansão. (A próxima atualização do documento) dá a oportunidade de fornecer um processo mais transparente e orientado por dados, que inclui informações mais completas sobre a variedade de cenários e resultados potenciais", disse ela.

Trump anunciou no ano passado sua intenção de retirar os Estados Unidos do Acordo de Paris de 2015, em que quase 200 nações concordaram em combater as mudanças climáticas, argumentando que o pacto prejudicaria a economia dos EUA e proporcionaria pouco benefício ambiental tangível. Trump e vários membros de seu gabinete também lançam dúvidas sobre a ciência da mudança climática, argumentando que as causas e os impactos ainda não estão definidos.

Grupos ambientalistas disseram que o relatório reforçou os apelos para que os Estados Unidos tomem medidas sobre a mudança climática.

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"Enquanto o presidente Trump continua a ignorar a ameaça da mudança climática, sua própria administração está soando o alarme. Este relatório ressalta o que já estamos vendo em primeira mão: a mudança climática é real, está acontecendo aqui e está acontecendo agora", disse Abigail Dillen, presidente do grupo ambientalista Earthjustice.

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