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Polícia usa gás lacrimogêneo durante protesto contra alta de combustíveis

Polícia usa gás lacrimogêneo durante protesto contra alta de combustíveis

Forças de segurança entraram em confronto com os 'coletes amarelos' - que atiraram objetos do mobiliário urbano contra os agentes - depois de os manifestantes tentarem ultrapassar barreira para se aproximar da residência do presidente Emmanuel Macron

Publicado em 24 de novembro de 2018 às 19:57

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Contra medidas de Macron, manifestantes destruíram veículos e mobiliário urbano na Champs-Elysées. (Estadão)

As forças de segurança da França utilizaram gás lacrimogêneo e um canhão de água para conter o avanço do movimento conhecido como "coletes amarelos" neste sábado, 24, em Paris. Eles protestam contra a alta dos combustíveis e a perda do poder aquisitivo, e tentavam se aproximar do Palácio do Eliseu, a residência presidencial.

Os confrontos aconteceram no perímetro de segurança determinado pela polícia quando dezenas de manifestantes tentaram ultrapassá-lo para chegar à residência do presidente, Emmanuel Macron, de quem pediram a renúncia em cartazes e palavras de ordem.

As autoridades tinham proibido a concentração nos arredores do Eliseu e indicaram o Campo de Marte, situado em frente à Torre Eiffel, como local permitido para a manifestação.

Mas os porta-vozes do movimento, que começou como protesto contra a alta dos impostos sobre os combustíveis, mas que vem se diversificando com o passar dos dias, rejeitaram esse ponto de concentração - por considerarem que ficariam confinados em um parque - e pediram aos manifestantes que se aproximassem da residência de Macron.

Os coletes amarelos, então, atiraram objetos do mobiliário urbano contra os agentes das forças antidistúrbio, que tinham estabelecido um cordão de segurança.

As autoridades indicaram que facções de extrema direita ou de extrema esquerda podem ter se infiltrado entre os manifestantes para radicalizar o movimento.

Segundo os primeiros dados do Ministério do Interior, havia na capital cerca de 3 mil coletes amarelos, a maior parte concentrada na Champs-Élysées e nos limites da Praça da Concórdia, que dá acesso à residência presidencial.

No resto do país continuam os bloqueios de centros logísticos e estradas iniciados há uma semana, mas com menos intensidade que no sábado passado, quando os cálculos oficiais o estimavam em quase 300 mil os manifestantes.

PREOCUPAÇÃO PARA AUTORIDADES

A mobilização na capital, de contornos pouco definidos, preocupa as autoridades que temem distúrbios. A convocação protesto foi feita nas redes sociais, principal plataforma de comunicação dos manifestantes.

Com o perfil ambíguo do movimento, as autoridades desejavam evitar confrontos como os registrados na primeira semana de protestos, que terminaram em 2 mortos, 620 civis e 136 membros das forças de segurança feridos.

O movimento, sem vínculo com os sindicatos e os partidos políticos, organizou em 17 de novembro seu primeiro ato, que levou 280 mil pessoas às ruas em toda França. O segundo ato é o deste sábado em Paris.

O movimento é mais um na longa história francesa de contestação social e protestos nas ruas.

Uma pesquisa do instituto BVA mostrou que 72% dos franceses se identificam com as reivindicações dos coletes amarelos. O preço elevado da gasolina, impostos excessivos, pensões e aposentadorias insuficientes: as reivindicações do movimento convergem para a perda de poder aquisitivo.

Os coletes amarelos representam um verdadeiro desafio para Macron que, no momento, não parece disposto a mudar o ritmo de suas reformas ou a abrir mão do aumento do preço dos combustíveis, para "manter o rumo a favor da transição ecológica".

Os manifestantes se opõem a impostos que Macron implementou no ano passado para o diesel e gasolina, destinados a incentivar o uso de energia ambientalmente amigável. Junto com a taxa, o governo ofereceu incentivos para a compra de veículos “verdes” ou elétricos.

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De acordo com a imprensa, no entanto, Macron pode anunciar na terça-feira novas medidas destinadas às famílias carentes para evitar o risco de uma "fratura social". 

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