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China manda indireta para Brasil e EUA na Conferência do Clima

China manda indireta para Brasil e EUA na Conferência do Clima

A ascensão de governos nacionalistas e de ultradireita era uma das preocupações dos negociadores no início da COP-24, há duas semanas

Publicado em 16 de dezembro de 2018 às 14:01

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China manda indireta para Brasil e EUA na Conferência do Clima. (Pixabay)

A conclusão do 'livro de regras' do Acordo de Paris durante a COP-24 "mostra o sucesso do multilateralismo, ao combinar os interesses nacionais e internacionais", afirmou Xie Zhenhua, negociador-chefe da China nas COPs do Clima. A afirmação foi feita na plenária de encerramento da conferência, na noite deste sábado (15), em Katowice, na Polônia.

Além de já não contar com o engajamento dos Estados Unidos desde a eleição de Trump, a conferência começou neste ano com a incerteza sobre a manutenção do compromisso brasileiro. O país havia comunicado no início do mês sua desistência de sediar a próxima edição da COP, por pedido do presidente eleito Jair Bolsonaro.

Trump e Bolsonaro têm criticado o sistema multilateral da ONU e privilegiam discursos nacionalistas, invocando a soberania nacional para justificar seus anúncios de saída do Acordo de Paris.

Trump chegou a dizer que as mudanças climáticas seriam uma invenção da China para tornar os Estados Unidos - maior emissor histórico de gases-estufa - menos competitivo. Bolsonaro tem seguido o discurso do americano e os dois presidentes têm proposto revisões nas relações comerciais com a China.

Embora a COP-24 tenha cumprido seu objetivo de regulamentar Paris, os discursos de encerramento mostraram frustração com a falta de ambição para fortalecer as metas nacionalmente determinadas para o acordo climático.

Com consenso sobre a urgência das mudanças climáticas, havia a expectativa de que os países poderiam anunciar um adiantamento na revisão das suas metas, com objetivos mais ambiciosos já em 2020 - quando o Acordo de Paris começa a ser implementado. No entanto, o prazo continuou o mesmo acordado na França: 2023.

As metas atuais levam o aquecimento global a um cenário de 3°C até o final do século. O novo relatório do IPCC, órgão científico da ONU, recomendava que o pico das emissões globais de gases-estufa acontecesse em 2020, como condição para limitar o aquecimento em 1,5°C e, assim, evitar a submersão dos países-ilhas. O mundo já aqueceu 1,1°C até hoje em relação aos níveis pré-industriais.

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Representando organizações da sociedade civil nos discursos finais da conferência, o jovem Amalen Sathananthar, da The Artivist Network, disse que "ninguém esperava que a COP-24 salvasse o mundo, mas nós esperávamos mais. E nós merecíamos mais".

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