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E-mails indicam que Facebook cedeu a empresas dados de usuários

E-mails indicam que Facebook cedeu a empresas dados de usuários

Documentos foram divulgados pelo parlamentar britânico Damian Collins

Publicado em 5 de dezembro de 2018 às 19:49

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E-mails fazem parte de um processo aberto contra o Facebook por uma companhia chamada Six4Three, que possuía um aplicativo que procurava imagens de pessoas com biquíni entre os contatos dos usuários na rede social. (Reprodução/Pixabay)

O parlamentar britânico Damian Collins tornou público um documento com mais de 200 páginas que detalha, por e-mails trocados internamente por funcionários do Facebook, discussões sobre a venda de dados de usuários da rede social e acesso especial a determinadas companhias, incluindo Netflix e Airbnb. Segundo Collins, essas informações levantam “importantes questões sobre como o Facebook trata os dados dos usuários, suas políticas para parcerias com desenvolvedores de aplicativos e como exerce sua posição dominante no mercado de redes sociais”.

“Eu acredito que existe considerável interesse público na divulgação desses documentos”, afirmou Collins pelo Twitter. “Nós não sentimos que teríamos respostas diretas do Facebook sobre esses assuntos importantes, é por isso que estamos divulgando os documentos”.

Os e-mails fazem parte de um processo aberto contra o Facebook por uma companhia chamada Six4Three, que possuía um aplicativo que procurava imagens de pessoas com biquíni entre os contatos dos usuários na rede social. Após ser pressionado, inclusive com ameaça de prisão, Ted Kramer, diretor da Six4Three, entregou os documentos a Collins.

Em comunicado, o Facebook afirma que “os documentos que a Six4Three reuniu para seu processo infundado são apenas parte da história e apresentados de forma muito enganosa sem contexto adicional”. A companhia defende as “mudanças na plataforma que fizemos em 2015 para evitar que as pessoas compartilhassem dados de seus amigos com desenvolvedores”.

Mas não foi essa a percepção de Collins. Em anotações no relatório divulgado junto com os e-mails, o parlamentar nota que a empresa “entrou claramente em acordos com certas companhias, que significaram que após as mudanças na plataforma em 2014/2015, elas mantiveram acesso total ao dado de contatos”.

“Não está claro se houve consentimento dos usuários para isso, nem como o Facebook decidia que companhias poderiam participar da lista de permissões ou não”, pontuou Collins.

ESTRATÉGIAS PARA FATURAR COM A REDE SOCIAL

Os e-mails remontam ao período entre 2012 e 2015, época em que o Facebook, após a abertura de capital na Bolsa da Valores, vivia pressionado para apresentar bons resultados financeiros aos investidores. As trocas de mensagens mostram que, ao menos internamente, uma das possíveis fontes de faturamento era a negociação de dados dos usuários.

Em e-mail de outubro de 2012, o cofundador e diretor executivo da companhia, Mark Zuckerberg, aborda a estratégia de bloquear o acesso a informações de contatos dos usuários como uma forma de pressionar desenvolvedores de aplicativos a gastarem na rede social. Até 2014, existiam milhares de programas externos à plataforma que faziam uso dessas informações para aumentar sua penetração, como jogos que permitiam a troca de bens virtuais entre amigos.

“Sem limitar a distribuição ou acesso a amigos que usem esse aplicativo, eu não acho que teremos alguma forma de fazer com que desenvolvedores nos paguem, além de oferecer redes de pagamentos e de anúncios”, afirmou Zuckerberg.

Em 2014, a rede social anunciou o bloqueio a dados de contatos de usuários, medida que entrou em vigor no ano seguinte. Contudo, os documentos indicam que gigantes, como Airbnb, Netflix, Lyft e Badoo, foram incluídos numa “lista de permissões”. Num e-mail de fevereiro de 2015 do Netflix para Konstantinos Papamiltidas, então diretor parcerias da plataforma do Facebook, o serviço de streaming afirma que deseja ser listado para acessar “todos os amigos, não apenas os amigos conectados”.

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Em e-mail no mês seguinte, de Papamiltidas para o Airbnb, o executivo do Facebook envia em anexo a documentação para uma API de Hashed Friends “que pode ser usado para o ranking social”. Ao Badoo, Papamiltidas informou que o aplicativo de paqueras foi “definitivamente colocado na lista de permissões”. Contudo, não está claro sobre como eram tomadas as decisões de inclusão ou não na lista de permissões.

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