O governo brasileiro rejeita a possibilidade de uma mediação por parte de México e Uruguai na crise venezuelana. Já passamos desse capítulo declarou na manhã desta sexta-feira (25), o chanceler Ernesto Araújo, que ainda está em Davos para reuniões com governos estrangeiros.
Na quinta-feira, Nicolás Maduro acenou que estava disposto a aceitar uma oferta de mediação feita pelos governos de Andrés Manuel López Obrador e Tabaré Vázquez. Os dois países, governados pela esquerda, não reconheceram o presidente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó como presidente interino, mas trabalham por uma transição pacífica no comando do país.
Os governos do México e do Uruguai propuseram uma iniciativa internacional para promover um diálogo entre as partes na Venezuela (...) Estou pronto para o entendimento, afirmou Maduro diante do Supremo, onde recebeu o respaldo dos chefes dos poderes públicos.
Não é a primeira vez que o chavista aceita o diálogo com opositores. Rodadas foram feitas na República Dominicana, sob mediação do ex-premiê espanhol José Rodríguez Zapatero. A oposição abandonou a negociação, alegando que o chavismo só desejava ganhar tempo.
México e Uruguai foram alguns dos poucos países na região que não aceitaram o projeto do Grupo de Lima de reconhecer Guaidó como presidente. Brasil, Colômbia e Equador aproveitaram a reunião de Davos para tentar convencer governos estrangeiros a seguir o mesmo caminho, também adotado pelos EUA.
Fontes do governo brasileiro, porém, acreditam que o gesto de Maduro seja apenas mais uma estratégia para ganhar tempo. O professor da Universidade Harvard e ex-ministro do Planejamento venezuelano, Ricardo Hausmann, que desenhou um plano econômico para a Venezuela pós-Maduro, também rejeitou qualquer tipo de diálogo, alertando para a manipulação que o venezuelano poderia fazer com um novo processo diplomático.
Pessoas próximas ao presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, indicaram à reportagem que não acreditam que há como dar meia volta e retornar a uma trilha de diálogo em que Maduro pudesse assumir um papel. Cada dia que passa ele fica mais isolado e esse é o objetivo, declarou a fonte do grupo de confiança de Bolsonaro.
Entre a cúpula militar brasileira, porém, há um sentimento nítido de que o cenário hoje venezuelano é incerto e que o capítulo final dessa crise ainda não foi escrito.
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