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Colômbia vai demolir edifício símbolo do poder de Pablo Escobar

Colômbia vai demolir edifício símbolo do poder de Pablo Escobar

Local é um dos principais pontos do "narcoturismo", prática rechaçada pela prefeitura e pela população da cidade colombiana

Publicado em 22 de fevereiro de 2019 às 11:56

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Edifício Mônaco. (Divulgação)

O edifício Mônaco, símbolo do poder de Pablo Escobar, um legado que resiste ao tempo, situado em um dos bairros mais bem localizados de Medellín será demolido na sexta-feira 22, encerrando um capítulo doloroso da cidade após 25 anos da morte do narcotraficante.

Dezenas de especialistas trabalham há dias nos preparativos para a implosão do edifício de oito andares, que foi residência de Escobar e sua família e, desde sua morte, atrai turistas aos chamados “narcotours”. A implosão levará cerca de três segundos.

No lugar do edifício, no setor de El Poblado, será construído um parque em memória às vítimas do narcoterrorismo ao qual Escobar tentou submeter a sociedade e o Estado colombianos nas décadas de 1980 e 1990.

“Era a casa de Escobar e sua família. Vamos desmantelar esse edifício para construir o primeiro memorial que fará em Medellín homenagem às vítimas”, declarou à EFE o secretário privado da prefeitura da cidade, Manuel Villa. Responsável pelo projeto de demolição de Mônaco, ele argumentou que o objetivo é começar a contar a história “do lado correto” a partir da caída do “símbolo dos algozes e da ilegalidade”.

Esse edifício, hoje em ruínas, foi residência do chefe do cartel e alvo de um atentado com carro-bomba em 1988 por parte dos rivais do cartel de Cali, em um dos episódios mais sangrentos da cidade.

Escobar escolheu o bairro Santa Maria de los Ángeles, que faz parte de El Poblado, como o lugar para construir, em 1986, o prédio Mônaco, batizado assim em homenagem ao principado e residência de vários de seus parentes e de seus guarda-costas.

Além dos 12 apartamentos, duas piscinas, 34 praças de estacionamento e uma quadra de futebol, o dono do cartel mandou construir dentro do condomínio um penthouse de dois andares, onde viveu com a mulher e seus dois filhos.

A guerra entre os carteis de Medellín e Cali deixou sua marca no edifício: o atentado terrorista de 13 de janeiro de 1988, que causou três mortos e dez feridos e escancarou, entre as ruínas do prédio, uma coleção de dezenas de carros esportivos de Escobar.

Depois do atentado, o narcotraficante abandonou o seu bunker, que posteriormente foi sede da Associação Cristiana de Assistência e Reabilitação (Asocar) e da Direção Nacional de Estupeficante, entidade que administra bens confiscados de narcotraficantes. Além disso, o local se transformou em sede administrativa e financeira da promotoria colombiana, que, em 2000, sobreviveu à explosão de outra bomba, tendo dessa vez como alvo os membros do Corpo Técnico de Investigação da entidade.

Em 2008, o Mônaco foi submetido a um processo de expropriação e entregue à Polícia Colombiana, para dez anos depois passar para as mãos da prefeitura de Medellín em acordo com a Sociedade de Ativos Especiais, que finalmente permitiu dar seguimento à demolição.

MEMÓRIA

A implosão faz parte da iniciativa “Medellín abraça sua história”, liderada pelas autoridades locais para prestar homenagem às vítimas do narcoterrorismo na cidade.

Segundo o prefeito de Medellín, Federico Gutiérrez, reconstruir esse edifício “em ruínas” exigiria o investimento aproximado de 40 milhões de pesos, isto é, “dez vezes mais” o que custaria a demolição e construção do parque.

“Não é apagar a história, mas voltar a ela para contá-la pelo lado correto e pelo lado das vítimas”, expressou Gutiérrez sobre a demolição do Mônaco, que deixará de atrair um turismo rechaçado abertamente pelo o prefeito e pela cidade.

Na convocatória para a demolição, o prefeito lembra que, em 1991, Medellín foi “a cidade mais violenta do mundo”, com 381 homicídios para cada 100 mil habitantes, e a população vivia “em meio à dor e ao medo , mas é justamente esse passado que é tão valioso ao nosso presente”.

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“A Medellín de hoje é fascinante porque ressurgiu e se transformou. Hoje, somos exemplo de inovação e de inclusão social e seguimos avançando em processos de renovação urbana que nos permitem construir uma cidade segura”, acrescentou. Para Lucero Gómez Restrepo, habitante da região, “é hora de deixar para trás o narcoturismo em um edifício abandonado”.

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