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Papa promete batalha contra abusos mas vítimas estão insatisfeitas

Papa promete batalha contra abusos mas vítimas estão insatisfeitas

Uma lista de 21 pontos de reflexão foi apresentada durante o encontro no Vaticano; o primeiro diz que cada diocese deve ter um manual prático com passos a serem tomados a cada denúncia recebida

Publicado em 25 de fevereiro de 2019 às 20:57

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Papa Francisco. (Reprodução/Instagram)

O papa Francisco, ao término de uma reunião histórica no Vaticano sobre os abusos sexuais cometidos por religiosos, pediu neste domingo (24) uma "batalha total" contra um crime que ele chamou de abominável.

Francisco afirmou que as diretrizes usadas nas conferências nacionais de bispos para prevenir e punir abusadores será revisada e fortalecida. Mas os defensores das vítimas expressaram desapontamento, dizendo que o papa repetiu velhas promessas e ofereceu poucas propostas concretas, como havia prometido na abertura do encontro.

Em mais de meia hora de discurso, o papa jurou que a Igreja Católica "não pouparia esforços" para levar os abusadores à Justiça e não encobriria nem subestimaria o abuso. "Vamos adotar todas as medidas possíveis para que tais crimes não se repitam. Que a igreja volte a ser crível e confiável", afirmou.

Francisco usou estatísticas da ONU e de outros organizações para dizer que a maioria dos abusos de crianças acontece em seu núcleo familiar. "Estamos enfrentando um problema universal, tragicamente presente em quase todos os lugares e afetando todos. Ainda assim, precisamos ser claros, que, embora afetando gravemente nossas sociedades como um todo, esse mal não é menos monstruoso quando ocorre dentro da igreja", disse.

Anne Barrett-Doyle, do grupo bishopaccountability.org, que monitora os casos de abusos clericais nos EUA, chamou a conferência de "decepção impressionante" que não foi suficiente para lidar com a dor e a indignação dos fiéis. "Enquanto os católicos do mundo clamam por mudanças concretas, o papa faz promessas tépidas, todas as quais ouvimos antes", disse em nota.

"Precisamos que ele ofereça um plano arrojado e decisivo. Ele nos deu uma retórica defensiva e reciclada", disse Barrett-Doyle.

"Não ouvi nada concreto", afirmou o italiano Alessandro Battaglia, vítima de abuso, chorando na praça São Pedro junto com outros sobreviventes. "Eles é que nos destruíram. Não foi suficiente, não estamos satisfeitos."

"Apenas blá-blá-blá. Tudo culpa do diabo. Não me surpreende, me decepciona", disse o ativista suíço Jean Marie Furbringer.

Uma lista de 21 pontos de reflexão foi apresentada durante o encontro. O primeiro diz que cada diocese deve ter um manual prático com passos a serem tomados a cada denúncia recebida. Outro ponto é informar autoridades civis caso haja acusações substanciais e tomar providências para que não clérigos estejam envolvidos nas investigações.

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Este é o maior desafio enfrentado por Francisco, que em seis anos de pontificado viu diversos escândalos nos EUA, na Austrália e no Chile. "Temos de reconhecer que o inimigo está dentro da igreja", afirmou o cardeal colombiano Rubén Salazar.

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