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Após decreto de Trump, Google corta laços com a Huawei

Após decreto de Trump, Google corta laços com a Huawei

O grupo aparece na lista de empresas suspeitas com as quais não se pode negociar sem a autorização das autoridades

Publicado em 20 de maio de 2019 às 15:26

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Huawei. (Reprodução/Internet)

O Google, cujo sistema operacional Android está instalado na grande maioria dos smartphones do mundo, anunciou que cortou as relações com a Huawei, uma decisão de graves consequências para a empresa chinesa, que não poderá oferecer mais o Gmail ou Google Maps a seus clientes.

O anúncio, antecipado pela agência Reuters no domingo (19), acontece em meio a tensões comerciais com Pequim e depois da decisão da semana passada do presidente americano Donald Trump de proibir que os grupos americanos façam negócios com empresas estrangeiras do setor de telecomunicações consideradas perigosas para a segurança nacional.

A medida tinha como alvo principal a Huawei, gigante chinesa das telecomunicações, segunda maior fabricante mundial de smartphones e que se tornou inimiga de Washington, que acusa o grupo de espionagem cibernética em favor do governo de Pequim.

O grupo aparece na lista de empresas suspeitas com as quais não se pode negociar sem a autorização das autoridades.

"Estamos cumprindo a ordem e revisando as implicações", afirmou o Google.

"Para os usuários de nossos serviços, Google Play [loja de aplicativos Android] e o sistema de segurança Google Play Protect seguirão funcionando nos aparelhos Huawei existentes", completou.

Embora a Huawei continue oferecendo suporte a seus smartphones e tablets, disponibilizando atualizações de segurança e serviços ao sistema Android , a empresa de tecnologia chinesa não disse o que acontecerá com novos modelos da companhia.

"A Huawei continuará a fornecer atualizações de segurança e serviços pós-venda para todos os produtos smartphones e tablets Huawei e Honor, cobrindo aqueles que foram vendidos e que ainda estão em estoque globalmente", disse um porta-voz da Huawei por email.

Os dispositivos da Huawei na China usam um sistema operacional personalizado baseado em código aberto Android, mas não incluem o acesso a quaisquer serviços do Google, que são proibidos na China. Mas as restrições do Google vão prejudicar o apelo global da Huawei.

"Continuaremos a construir um ecossistema de software seguro e sustentável", afirmou a Huawei, que aspira superar a Samsung para ser a maior fabricante de smartphones do mundo.

Para marcar sua reestreia no mercado de smartphone brasileiro, a chinesa Huawei dará R$ 2 mil ou mais de desconto a consumidores que trocarem celulares antigos por um lançamento da marca.

A companhia teve breve passagem pelo setor móvel brasileiro em 2014. Hoje, responde por 15,8% do mercado global de smartphones, segundo o IDC. 

As implicações Como o decreto do presidente Donald Trump proíbe compartilhar tecnologias, o Google terá que ir além e suspender sua colaboração com a Huawei.

As implicações podem ser importantes, pois, como todos os grupos de tecnologia, o Google deve colaborar com os fabricantes de smartphones para que seus sistemas sejam compatíveis com os telefones.

A empresa poderá oferecer aos usuários de aparelhos Huawei a versão livre de direitos de seu programa Android,  afirmou uma pessoa próxima ao caso.

Isto significa que os usuários não poderão acessar os aplicativos e serviços que pertencem ao Google, como o Gmail e o Google Maps, por exemplo.

Os aplicativos devem permanecer ativos ao menos em um primeiro momento, disse à AFP outra pessoa próxima ao caso. Mas enquanto o decreto permanecer em vigor, a Huawei será obrigada a fazer atualizações a partir do Android Open Source Projet -a versão livre de direitos- e seus clientes terão que fazer o mesmo.

Portanto, é possível que o grupo chinês não consiga no futuro oferecer o sistema Android e todas seus aplicativos, como a plataforma de vídeos YouTube.

O bloqueio a Huawei também atinge o mercado de chips. Gigantes do setor, como Intel, Qualcomm, Xilinx e Broadcom, já haviam suspendido o fornecimento à companhia chinesa.

No sábado, o fundador disse à imprensa japonesa que a empresa está reparada para enfrentar a pressão de Washington e que vai reduzir a dependência de componentes americanos.

"Estávamos nos preparando para isso", afirmou na ocasião.

A empresa, com sede em Shenzen (sul da China), é muito dependente dos fornecedores estrangeiros: a cada ano compra US$ 11 bilhões em componentes de grupos americanos, sobre um total de US$ 67 bilhões de gastos neste departamento, segundo o jornal japonês Nikkei.

ESPIONAGEM

O grupo está há algum tempo na mira das autoridades americanas, sob suspeita de espionagem a favor de Pequim, o que teria contribuído em grande parte para sua espetacular expansão internacional.

Washington teme que o grupo, presente em 170 países e que afirma ter 190 mil funcionários, atuem como um cavalo de Troia da China. O passado militar de seu fundador, o fato de que ele pertence ao Partido Comunista, assim como a falta de transparência da Huawei alimentam as suspeitas de que a empresa está sob controle de Pequim, sobretudo após uma lei aprovada em 2017 que obriga as empresas chinesas a colaborar com os serviços de inteligência do país.

No primeiro trimestre, a Huawei vendeu 59,1 milhões de smartphones, o que representa 19% do mercado, mais do que a americana Apple, mas ainda continua atrás da líder do setor, a sul-coreana Samsung.

A Huawei é uma das empresas líderes do 5G, a nova geração da internet móvel que está em processo de desenvolvimento.

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China e Estados Unidos, as duas maiores economias mundiais travam uma guerra comercial, com a imposição mútua de tarifas, e na qual a tecnologia é um eixo fundamental do confronto.

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