Em sua primeira viagem à China, o vice-presidente Hamilton Mourão evitou temas políticos delicados para garantir a manutenção das relações com o maior parceiro comercial do Brasil.
Quando falou sobre a crise na Venezuela, na qual Brasil e China estão em lados opostos, afirmou que um possível novo governo no país sul-americano terá de garantir aos chineses o retorno de seus investimentos. Mourão retorna a Brasília nesta segunda-feira (27), depois de seis dias na nação asiática.
"Não vejo nenhum problema com a diferença de visão sobre o que ocorre na Venezuela", afirmou Mourão. O presidente chinês, Xi Jinping, apoia o governo de Nicolás Maduro e defende uma solução pacífica para o fim da crise no país latino-americano.
O diretor-geral do departamento de América Latina do Ministério das Relações Exteriores chinês, Zhao Bentang, afirmou que os governos da China e do Brasil têm mantido comunicação estreita sobre a questão. "Nos opomos à intervenção militar e à ingerência nos assuntos internos", reforçou Zhao, que é ex-embaixador da China na Venezuela (2015-2017).
"As nações são soberanas para expressar suas visões. O governo brasileiro ter uma visão e a China ter outra não quer dizer que temos atrito", disse o vice-presidente. O Brasil reconhece Juan Guaidó como presidente interino da Venezuela. Mourão e Xi estiveram frente a frente em Pequim na sexta-feira (25).
"A China tem interesses econômicos na Venezuela. Ela investiu bastante lá. Qualquer que seja o governo eleito, terá que dar garantias ao governo chinês de que ele vai dar o retorno de seus investimentos", ressaltou Mourão. Segundo o vice, o encontro com o líder chinês foi protocolar, e o vizinho brasileiro, que tem Pequim como principal credor, ficou de fora da conversa.
Em março, a China negou visto de entrada no país ao novo representante da Venezuela no Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), forçando a instituição financeira internacional a cancelar às pressas a reunião anual marcada para a cidade chinesa de Chengdu, na província do Sichuan. Uma semana antes do ocorrido, o BID trocou o representante da Venezuela apoiado por Maduro por um nome defendido por Guaidó -decisão comemorada pelos EUA.
Enquanto o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, demonstra admiração pelo presidente americano, Donald Trump, Mourão tenta aproximação com Xi Jinping. Ele contou ter dito ao presidente chinês que ambos nasceram no mesmo dia e no mesmo ano, 1953, com apenas dois meses de diferença. Em comum, os dois têm também o signo da Cobra de Água no horóscopo chinês. A combinação do elemento "água" com o signo da Cobra só se repetiu depois dessa data em 2013, ano que Xi chegou ao poder.
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