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Milhares vão às ruas de Hong Kong protestar contra a China

Milhares vão às ruas de Hong Kong protestar contra a China

O principal alvo dos manifestantes é um novo projeto de lei de extradição feito pelo governo local

Publicado em 10 de junho de 2019 às 00:02

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Protesto em Hong Kong, China. (Reprodução)

Milhares de pessoas foram às ruas de Hong Kong neste domingo (9) para protestar contra o domínio chinês e pedir mais democracia.

O principal alvo dos manifestantes é um novo projeto de lei de extradição feito pelo governo local que, segundo seus críticos, abriria a possibilidade de suspeitos serem enviados à China continental para serem julgados.

A polícia disse que 240 mil pessoas participaram dos atos. Já os organizadores afirmaram ser mais de 1 milhão de pessoas nas ruas, o que faria dele o maior protesto já registrado desde que a antiga colônia britânica retornou para o controle chinês, em 1997 -manifestações por mais democracia em 2003 e 2014 ultrapassaram a marca de 500 mil pessoas.

Embora Hong Kong pertença à China, a região possui um sistema legal próprio e certa autonomia política em relação a Pequim, em um arranjo conhecido como "um país, dois sistemas".

Nos últimos anos, porém, a ditadura do Partido Comunista vem tentando aumentar seu poder sobre o território, levando a oposição pró-democracia a convocar grandes manifestações.

Um dos responsáveis por organizar o ato, o ex-congressista Martin Lee afirmou ao jornal britânico The Guardian que, se a lei for aprovada, a democracia corre risco no território.

"Se perdermos desta vez, Hong Kong não será mais Hong Kong, será apenas uma cidade chinesa", disse ele.

Aos gritos de "sem lei de extradição" e "sem leis malignas", uma multidão ocupou as principais ruas do território e as estações de metrô ficaram lotadas.

Os manifestantes criticaram principalmente a executiva-chefe de Hong Kong (espécie de prefeita), Carrie Lam, defensora da lei de extradição e apoiada por Pequim.

O protesto seguiu pacificamente na maior parte do dia, mas no final houve confronto entre as forças de segurança e os manifestantes.

A confusão começou porque os organizadores só tinham autorização para protestar no domingo. Por isso, assim que o relógio deu meia-noite, os policiais passaram a usar bombas de gás lacrimogêneo e spray de pimenta para encerrar o ato.

Os manifestantes responderam arremessando grades nos guardas, a quem chamaram de "cães comunistas".

Um grupo tentou ainda entrar no Parlamento. O objetivo era permanecer na Casa até a próxima quarta (12), quando está marcada a nova rodada de votação da legislação, mas os manifestantes foram retirados pela polícia. Não foi divulgado o número de pessoas feridas ou de detidos.

"Ela [Lam] tem de desistir da lei e renunciar. Toda Hong Kong está contra ela", disse o congressista James To à multidão reunida do lado de fora do Parlamento e da sede do governo no distrito comercial do Almirantado, na noite de domingo (manhã no Brasil).

As mudanças simplificariam os processos de extradição de suspeitos para a China, Macau e Taiwan. Mas é a probabilidade de que essas pessoas sejam enviadas ao continente que assusta a população de Hong Kong.

A oposição ao plano reuniu diversos setores da comunidade local, como pessoas do mundo dos negócios, advogados, estudantes, personalidades pró-democracia e grupos religiosos.

Desde 1997, o governo de Hong Kong não atendeu a nenhum dos pedidos de extradição feitos por Pequim, de acordo com o Guardian.

Críticos da proposta questionam o sistema de Justiça chinês e demonstram preocupação com a possibilidade de que forças de segurança inventem acusações para embasar os pedidos de transferência.

Eles também afirmam que um eventual governo pró-Pequim em Hong Kong acabaria cedendo a pedidos de extradição com motivação política.

Governos estrangeiros alertaram para os impactos na reputação de Hong Kong como um centro financeiro internacional, afirmando que estrangeiros procurados pela China correriam o risco de serem presos no território e extraditados.

Grupos de defesa dos direitos humanos também se manifestaram expressando preocupação com o uso de tortura, detenções arbitrárias e confissões forçadas.

Representantes do governo defenderam os planos, dizendo que as leis possuem garantias adequadas e que ninguém será extraditado se estiver enfrentando perseguição política e religiosa.

Na noite de domingo, o governo de Lam disse em comunicado que a nova lei é necessária para que o território não se transforme em um paraíso para criminosos. Ela prometeu ainda que "continuará ouvindo e acalmando as preocupações [sobre a legislação] por meio de discussões calmas e racionais".

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Londres, Sydney, Nova York e outras 23 cidades pelo mundo também tiveram protestos contra a lei neste domingo.

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