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Coreia do Sul cancela acordo de inteligência com Japão

Coreia do Sul cancela acordo de inteligência com Japão

A desistência teria acontecido porque o Japão tirou em julho a Coreia do Sul de uma lista de países preferenciais para exportação, o que facilitava o comércio entre as duas nações

Publicado em 22 de agosto de 2019 às 15:38

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As desavenças políticas e comerciais entre Seul e Tóquio agora se estendem para algumas das questões de segurança mais sensíveis da região. (Pixabay)

A Coreia do Sul anunciou nesta quinta-feira (22) que vai romper um acordo de cooperação de inteligência militar com o Japão, em mais uma etapa da recente escalada de tensões entre os dois países.

Com a decisão de não renovar o pacto, as desavenças políticas e comerciais entre Seul e Tóquio agora se estendem para algumas das questões de segurança mais sensíveis da região.

O arranjo foi firmado em novembro de 2016, com o apoio de Washington, em resposta aos lançamentos de mísseis e aos testes nucleares da Coreia do Norte. O objetivo era obter uma melhor coordenação contra Pyongyang, facilitando o compartilhamento de informações.

A decisão de encerrá-lo coincide com o lançamento de uma série de mísseis balísticos de curto alcance da Coreia do Norte como protesto contra o que o país vê como escaladas militares na Coreia do Sul e no Japão.

O Acordo Geral de Segurança de Informação Militar (GSOMIA) deveria ser renovado automaticamente no sábado (24), a menos que um dos lados decidisse cancelá-lo.

A decisão de Seul foi aprovada pelo presidente sul-coreano, Moon Jae-in, e anunciada após um debate de uma hora do Conselho de Segurança Nacional .

"Seul decidiu colocar um ponto final no acordo", afirmou Kim You-geun, primeiro diretor do Conselho. "Avisaremos o governo japonês por meio de um telegrama diplomático", disse.

Ele afirmou que a desistência aconteceu porque o Japão tirou em julho a Coreia do Sul de uma lista de países preferenciais para exportação, o que facilitava o comércio entre as duas nações.

Com a decisão japonesa, Tóquio passou a impor duras restrições às exportações de produtos químicos usados em semicondutores e telas, cruciais para gigantes do setor tecnológico, como a sul-coreana Samsung.

Kim lamentou a adoção da medida por Tóquio e afirmou que ela representa "uma mudança significativa" na cooperação entre os dois países na área de defesa.

"Diante desta situação, determinamos que não serviria ao nosso interesse nacional manter um acordo que assinamos com a meta de compartilhar informações militares que são sensíveis para a segurança", disse o sul-coreano em uma entrevista coletiva.

O ministro japonês das Relações Exteriores, Taro Kono, reagiu ao anúncio algumas horas depois e afirmou que Tóquio "rejeita com veemência" a decisão de Seul.

"Tenho que dizer que a decisão do governo sul-coreano de acabar com este pacto é um grande erro de julgamento da situação da segurança regional", disse o chanceler em comunicado.

"Não podemos aceitar as alegações do lado sul-coreano e vamos protestar fortemente contra o governo sul-coreano", afirmou Kono, acrescentando que Tóquio convocou o embaixador sul-coreano para explicações.

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Tanto o Japão quanto a Coreia do Sul são aliados dos EUA, mas têm um histórico tumultuado de relação bilateral. A briga é causada principalmente por desavenças geradas pelo domínio colonial japonês sobre a península coreana entre 1910 e 1945.

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