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Casa onde irmãos morreram carbonizados vai passar por nova perícia

Casa onde irmãos morreram carbonizados vai passar por nova perícia

Segundo a Polícia Civil, será feita uma perícia complementar pela equipe de engenharia da PC. A data não foi divulgada

Publicado em 24 de abril de 2018 às 15:17

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Incêndio em quarto em residência, em Linhares, deixa duas crianças mortas. (Kaio Henrique)

A casa no Centro de Linhares, Norte do Estado, onde os irmãos Kauã, de 6 anos, e Joaquim, 3 anos, morreram carbonizados no trágico incêndio ocorrido na madrugada do último sábado (21), vai passar por nova perícia.

Segundo a Polícia Civil, uma perícia foi feita pela equipe de Linhares no dia do fato. Agora, será feita uma perícia complementar pela equipe de engenharia da Polícia Civil. A data não foi divulgada. O local permanece isolado.

Os corpos das crianças continuam no Departamento Médico Legal (DML), em Vitória, e só serão liberados para a família fazer o enterro após o resultado do exame de DNA, que vai identificar os corpos. Nesta segunda-feira (23), os pais dos meninos estiveram no DML para a coleta do material genético.

O superintendente de Polícia Técnico-Científica, Danilo Bahiense, explicou que três processos são utilizados, nesse tipo de caso, para uma tentativa de identificação dos corpos.

"O primeiro passo é tentar pelo exame necropapiloscópico, coletando impressões digitais, mas não foi possível. Depois temos a antropologia, que poderia identificar através de arcada dentária, mas não foi possível. O último recurso é o exame de DNA".

Os irmãos Cauã, de camisa preta, e Joaquim, de branco, morreram no incêndio. O irmão menor não estava em casa e escapou da tragédia. (Reprodução/Arquivo pessoal)

PASTOR CONTA COMO TUDO ACONTECEU

Em meio à dor, a família dos irmãos Joaquim e Kauã, de 3 e 6 anos, busca forças na fé. No começo da tarde desta segunda-feira (23), no Departamento Médico Legal de Vitória, o pastor George Alves, que estava com as crianças em casa na hora do incêndio, contou — entre pausas e choro — como foram as últimas horas com os meninos.

George Alves é pai de Joaquim, de 3 anos, e padrasto de Kauã, de 6 anos. No dia do incêndio, era ele quem cuidava dos meninos, enquanto a mãe das crianças participava de um congresso religioso em Minas Gerais.

"Minha esposa tinha ido viajar para um congresso de mulheres. Fui na sorveteria com eles, na rua da minha casa, depois fomos à casa de um membro da igreja da qual eu sou pastor. Fomos para casa, dei banho nos dois. Tenho escritório do lado do quarto deles, eles estavam comigo lá vendo filme. Me pediram leite com achocolatado, eu fiz. O Joaquim dormiu primeiro. Fui até o quarto, liguei o ar-condicionado, coloquei ele na cama e liguei a babá eletrônica. Retornei para o escritório, onde eu continuei com o Kauã até mais ou menos meia-noite. Pedi para que ele fosse dormir, ele foi. Coloquei a mão sobre a cabeça dele, nós oramos juntos, eu orei por ele (pausa). Pedi para que Deus o guardasse e protegesse. Nesse momento eu o cobri, saí e fui até o meu quarto. Tomei banho, liguei a babá eletrônica no meu quarto, e dormi. Eu apaguei", relembrou antes de continuar.

"Por volta de umas 2 horas da manhã eu escutei na babá eletrônica os gritos deles. Eu vi o fogo muito grande e corri desesperado. A casa já não tinha energia, não tinha luz mais, e eu empurrei a porta do quarto deles, que estava entreaberta. Eu só havia encostado por causa do ar-condicionado. Quando eu entrei, escutei o choro deles, a gritaria. Eles gritavam 'pai, pai, pai'. Só que coloquei a mão na cama e não consegui pegar. Eu creio que Kauã desceu para a cama de baixo, era uma beliche, para tentar salvar o irmão. Eles se abraçaram e eu não consegui (chora muito). Estava muito quente, queimei meus pés e minhas mãos. Saí, estava só de cueca gritando, comecei a me desesperar. Duas pessoas que estavam passando vieram e me tiraram da casa. Eu tentei umas três vezes entrar para salvar, mas eu já não ouvia a voz deles", contou.

Pastor George Alves, pai biológico de Joaquim e de criação de Kauã, ao lado da companheira Juliana Salles, mãe das crianças, na porta do DML em Vitória. (Marcelo Prest | GZ)

Nesta segunda-feira (23) foram coletados os materiais genéticos para que sejam realizados exames de DNA para identificar os corpos das crianças, que ficaram totalmente carbonizados. De acordo com a polícia, o resultado deve ficar pronto em até 15 dias. A fé, mais uma vez, é a aliada da família na espera pela liberação do corpo de Joaquim e Kauã.

"Não há perda maior, dor maior, crise maior, do que o que aconteceu. Todos esses trâmites, ter que esperar, isso não tem me afetado. Creio que os órgãos responsáveis estão fazendo de tudo. A única certeza que eu tenho hoje, e o respaldo que eu tenho, é do meu Senhor, é de Deus. Nós temos a plena certeza e convicção de que é Deus que está nos segurando, Deus que está nos mantendo firmes. Há menos de dois anos eu já perdi uma menina, três meses de nascida, por uma doença. E nós estamos passando por isso novamente. Não há outra razão de eu estar aqui hoje se não fosse Deus. A vida de Joaquim e de Kauã foi uma semente para que outras pessoas viessem a encontrar esse Deus que um dia nós encontramos. É isso que nos fortalece e que vai continuar nos dando força. Deus é capaz de restaurar todas as coisas ", afirmou Alves.

Muito abalada com as perdas, a mãe das crianças, a pastora Juliana Salles, preferiu não falar com a imprensa.

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