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Portão da casa onde irmãos morreram carbonizados recebe flores

Portão da casa onde irmãos morreram carbonizados recebe flores

A casa permanece fechada com correntes e cadeado depois de mais uma perícia da Polícia Civil realizada na tarde desta quarta-feira (25)

Publicado em 26 de abril de 2018 às 16:45

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Flores foram colocadas na porta da residência em homenagem aos irmãos. (Brunela Alves)

O portão da casa onde irmãos morreram carbonizados no Centro de Linhares, Norte do Estado, vem recebendo flores em homenagens a Kauã, 6 anos, e Joaquim, 3 anos. A casa permanece fechada com correntes e cadeado depois de mais uma perícia da Polícia Civil realizada na tarde desta quarta-feira (25). 

O pastor Georgeval Alves Gonçalves, 36 anos, mais conhecido como George Alves, acompanhou o trabalho da perícia da Polícia Civil e do Corpo de Bombeiros, que chegaram à casa da família na tarde desta terça-feira, por volta das 14h30.

Sete pessoas deverão ser ouvidas na tarde desta quinta-feira (26) na delegacia de Linhares, no Norte do Estado, sobre a tragédia na residência. Duas testemunhas que tentaram ajudar o pastor George Alves durante o incêndio prestaram depoimento à polícia na tarde de quarta-feira (25). No depoimento, uma das pessoas ouvidas afirmou que o pastor estava bastante abalado.

CASO "COMPLEXO"

O caso do incêndio que matou dois irmãos carbonizados em Linhares é tratado pela polícia como "complexo". Ao Gazeta Online, fontes da Polícia Civil afirmaram que atribuem à complexidade o aprofundamento das investigações. Tudo que é colhido, sejam provas testemunhais ou materiais, é mantido sob sigilo.

Acionado pela reportagem, o delegado Romel Pio Júnior, que comanda a investigação, reforçou que detalhes não serão passados, mas garantiu que a Polícia Civil está buscando todas as informações necessárias para que o caso seja concluído.

O INCÊNDIO

Os irmãos Kauã, 6 anos, e Joaquim, 3 anos, morreram carbonizados, na madrugada do último sábado (21), durante incêndio no quarto em que dormiam. Na residência, localizada no Centro de Linhares, morava a família dos meninos: o pastor George Alves, que é pai de Joaquim e padrasto de Kauã; a pastora Juliana Salles, que é mãe das vítimas, e uma terceira criança, que é o filho mais novo do casal.

No dia da tragédia, a mãe das crianças e o filho mais novo estavam em um congresso em Minas Gerais. Segundo o pastor George Alves, ele estava apenas com as crianças Kauã e Joaquim na residência.

"Minha esposa tinha ido viajar para um congresso de mulheres. Fui na sorveteria com eles, na rua da minha casa, depois fomos à casa de um membro da igreja da qual eu sou pastor. Fomos para casa, dei banho nos dois. Tenho escritório do lado do quarto deles, eles estavam comigo lá vendo filme. Me pediram leite com achocolatado, eu fiz. O Joaquim dormiu primeiro. Fui até o quarto, liguei o ar-condicionado, coloquei ele na cama e liguei a babá eletrônica. Retornei para o escritório, onde eu continuei com o Kauã até mais ou menos meia-noite. Pedi para que ele fosse dormir, ele foi. Coloquei a mão sobre a cabeça dele, nós oramos juntos, eu orei por ele (pausa). Pedi para que Deus o guardasse e protegesse. Nesse momento eu o cobri, saí e fui até o meu quarto. Tomei banho, liguei a babá eletrônica no meu quarto, e dormi. Eu apaguei", relembrou, antes de continuar:

"Por volta de umas 2 horas da manhã eu escutei na babá eletrônica os gritos deles. Eu vi o fogo muito grande e corri desesperado. A casa já não tinha energia, não tinha luz mais, e eu empurrei a porta do quarto deles, que estava entreaberta. Eu só havia encostado por causa do ar-condicionado. Quando eu entrei, escutei o choro deles, a gritaria. Eles gritavam 'pai, pai, pai'. Só que coloquei a mão na cama e não consegui pegar. Eu creio que Kauã desceu para a cama de baixo, era uma beliche, para tentar salvar o irmão. Eles se abraçaram e eu não consegui (chora muito). Estava muito quente, queimei meus pés e minhas mãos. Saí, estava só de cueca gritando, comecei a me desesperar. Duas pessoas que estavam passando vieram e me tiraram da casa. Eu tentei umas três vezes entrar para salvar, mas eu já não ouvia a voz deles", contou.

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